“Quis ser missão numa proximidade muito concreta com todos”, referiu, na homilia da Missa exequial, D. Jorge Ortiga, que presidiu à celebração.
O arcebispo de Braga e responsável pela província eclesiástica em que se insere a diocese do Alto Minho, recordou o lema episcopal escolhido por D. Anacleto Oliveira, ‘Escravo de todos’.
“Este lema pode ser para nós, que conhecemos D. Anacleto, e particularmente para todos os cristãos da diocese de Viana do Castelo, um testamento. A dureza da sua morte, inesperada e dolorosa, obriga-nos agora a retomar a missão onde ele a deixou. Deu-se por completo, mas há ainda muito por fazer na Igreja e no mundo”, indicou D. Jorge Ortiga.
O arcebispo primaz desafiou as comunidades católicas a “oferecer ao mundo a pureza do Evangelho”, como fez o falecido bispo.
“O mundo precisa da Palavra de Deus na sua forma mais pura. A perspicácia intelectual e a profundidade dos conhecimentos bíblicos de D. Anacleto reclamam da Igreja, de modo a continuar a concretizar o seu legado, um compromisso sério com a Sagrada Escritura”, realçou.
D. Anacleto, na sua pregação, comprazia-se em apresentar Deus como Pai. Os seus conhecimentos bíblicos encontravam nuances que nos permitiam vislumbrar o autêntico rosto de Deus, em contraponto com tantas outras imagens deturpadas e veiculadas pela História”.
A intervenção evocou a canonização de S. Bartolomeu dos Mártires como uma das “maiores alegrias” na vida do falecido bispo de Viana do Castelo, que “recordou o seu estilo de ser pastor e tentou pautar a sua vida pastoral pelos mesmos ideais”.
“Que o Senhor acolha na Sua morada o nosso querido irmão D. Anacleto Oliveira e que a Palavra de Deus nos abra o entendimento e o coração ao tempo pascal da ressurreição”, concluiu D. Jorge Ortiga
O espaço no interior da Sé foi reservado aos bispos, padres, autoridades – incluindo o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, o Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, autarcas, diáconos, acólitos e seminaristas, além do grupo coral e orquestra, além dos familiares de D. Anacleto Oliveira.
D. Anacleto Oliveira faleceu na última sexta-feira, aos 74 anos de idade, na sequência de um despiste de automóvel, na Autoestrada 2 (A2) perto de Almodôvar; o bispo era o único ocupante da viatura.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, falou no final da celebração desta tarde, dirigindo-se à Diocese de Viana do Castelo, que “sente a tristeza da partida do seu pastor”, um homem marcado pela “paixão de servir a Igreja do Senhor”.
O bispo de Setúbal recordou um estudioso da Bíblia “que não ficou simplesmente no passado”, sendo capaz de uma palavra que “questionava atitudes”, uma palavra “inquieta”, que despertou e mobilizou todos para “buscar caminhos novos”.
“Vamos continuar o seu pensamento o seu caminho, um caminho que exige busca, fidelidade à Palavra que se escuta”, apelou, falando num “irmão querido”
“Nós agradecemos o dom que foste para esta Igreja, para esta cidade, para esta diocese, para este país”, disse D. José Ornelas.
Na quarta-feira, os restos mortais de D. Anacleto Oliveira estarão em câmara ardente na Catedral de Leiria, a partir das 10h00; às 15h00 o cardeal D. António Marto preside à Missa Exequial; a sepultura será no cemitério das Cortes, terra natal do falecido bispo.