O diretor artístico do Teatro do Noroeste-CDV, Ricardo Simões sublinhou ser o “festival possível”, devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, e garantiu que “tudo está a ser feito para ser seguro”.
Apontou “adaptações” na programação, que se reparte pela sala principal e pelo café concerto do teatro municipal e das “restrições” no número de lugares para o público.
“Apesar do momento que vivemos, queremos passar a mensagem de estarmos condenados a sobrevier e a retomar as nossas atividades, encontrando soluções para continuarmos as nossas atividades, e o teatro não é diferente. É uma atividade que vive da presença humana e tem sido um desafio diário”, referiu Ricardo Simões.
Sobre a programação, o responsável, que falava na conferência de imprensa de apresentação da quarta edição do festival, destacou a estreia, na abertura, da peça “Falar verdade a mentir”, de Almeida Garrett, com encenação de António Capelo.
Presente no encontro com os jornalistas, o ator e diretor da Academia Contemporânea do Espetáculo do Porto explicou que a sua “abordagem” ao texto de Garrett pretende ser um “exercício” de “interrogação interna”, sobre o papel das companhias de teatro e da sua relação e com as pessoas que habitam nos territórios onde estas se fixam.
“Este ‘Falar a Verdade a Mentir’ é uma espécie de exercício que fazemos, virados para nós próprios, no sentido de descobrir o que é a verdade do ator, em cima da mentira da personagem. Este trabalho tem a ver com algumas das coisas que são fundamentais na formação dos intérpretes. Mas, depois, a ideia de partilhar esta espécie de exercício, abrir as portas, com o público, pode ser gratificante”, passar da formação interna “para a ideia de formar espectadores mais exigentes”, referiu.
“Continuo a pensar que uma estrutura colocada num espaço, que não se interroga a si própria [sobre o] que deve fazer, é uma estrutura que a muito curto prazo irá morrer. Esta interrogação interna é fundamental tal como levá-la depois para fora. A ideia da escola dentro do teatro”, reforçou.
A estreia de “Falar Verdade a Mentir” está marcada para dia 10 de novembro, às 21:30, na sala principal do teatro Sá De Miranda.
A peça vai ser interpretado pelos atores Alexandre Martins, Alexandre Calçada, Tiago Fernandes, Ana Perfeito, Elisabete Pinto e José Escaleira, com luz de Rui Gonçalves, cenografia de Cátia Barros, figurinos de Cláudia Ribeiro e música de José Prata.
O “Pequeno Retábulo”, de García Lorca, pelo Teatro das Beiras, e o “O Último Julgamento”, de Ricardo Alves, apresentado pelo Teatro Regional da Serra de Montemuro, são outras as peças incluídas no programa.
O festival vai ainda apresentar “O Sítio”, da Companhia da Chanca, de André Louro e Catarina Santana, e a Companhia de Teatro de Braga apresentará “A Criatura”, a partir de Henrik Ibsen.
Nas noites de 14 e 15 de novembro, a companhia A Turma apresenta “Alma”, de Tiago Correia, e o Teatro da Terra, “A Ermelinda do Rio – Nocturno”, de João Monge, com Maria João Luís, um percurso pela devastação das cheias do Tejo, na década de 1960, num espetáculo onde a memória se confirma sempre presente.
Com duas sessões marcadas para o dia 15, o Teatro Plage apresenta “Lullaby”, um espetáculo para bebés da autoria de Paulo Lage.
O programa inclui ainda os espetáculos, “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”, sobre Jorge Amado, pelo Teatro do Noroeste – CDV, “Silêncio” pela companhia Um Coletivo, resultante da residência artística em O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo, e “Veneno”, de Claudia Lucas Chéu, pelo Teatro Nacional 21, com direção de Albano Jerónimo.
A quarta edição do festival termina com os Bonecos de Santo Aleixo, pelo CENDREV – Centro Dramático de Évora.
Além dos espetáculos, há ainda uma residência artística, lançamento de livros e outras atividades que decorrer em vários espaços da cidade.