Na classificação, segundo a portaria hoje publicada em Diário da República (DR) assinada pela secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Carvalho Ferreira, é destacado o “interesse” daquele conjunto “como testemunho simbólico e religioso”.
O documento refere ainda o “valor estético, técnico e material intrínseco” da igreja, a sua “conceção arquitetónica, urbanística e paisagística, a sua extensão e ao que nela se reflete do ponto de vista da memória coletiva”.
A classificação do imóvel foi iniciada em 2012, mas viria a ser arquivada pela Direção Geral do Património Cultural (DGPC) que alegou a “existência de deficiências de instrução” do processo, “consideradas insanáveis em tempo útil”.
O processo de classificação do imóvel foi reaberto em novembro de 2013 e, de acordo com o anúncio do “novo procedimento de classificação”, foi estabelecida uma zona geral de proteção de 50 metros contados a partir dos limites externos da igreja e do adro.
Em setembro de 2019, a DGPC propôs ao Ministério da Cultura a classificação daquele conjunto, hoje atribuída na portaria publicada em DR.
O documento explica que a “fundação da igreja de São João da Ribeira remonta, pelo menos, a finais do século X, quando o templo foi doado ao mosteiro compostelano de Antealtares, que viria a ter um papel decisivo no desenvolvimento da localidade nos séculos seguintes”.
Os “vestígios mais antigos que é hoje possível identificar remontam ao período final do românico, embora o edifício tenha sido objeto de grandes alterações na época moderna”.
Segundo a portaria, “os melhores testemunhos da obra românica consistem nas duas portas laterais, com decoração relativamente esquemática”.
Existem ainda “alguns vestígios desta cronologia na planimetria do templo e na cachorrada que corre nas fachadas laterais, elementos que denunciam seguramente uma campanha bastante tardia, situável em pleno século XIII, e anacrónica em relação às fórmulas artísticas góticas então em voga”.
A fachada principal e a decoração interior “datam já dos séculos XVII e XVIII, particularmente da época barroca, na qual os principais elementos do templo foram objeto de profundas alterações destinadas a atualizar o espaço”.
Destas intervenções “resultou um acervo de notável coerência, caracterizando-se pela diversidade e qualidade artística, particularmente evidente nas obras de talha de distintos períodos e linguagens estéticas”.