“O Governo está extremamente perdido, parece que não sabe o que faz. Hoje é quinta-feira e não há regulamentação específica para o comércio tradicional saber como vai funcionar durante os dois fins de semana de recolher obrigatório”, afirmou Manuel Cunha Júnior.
Na madrugada de domingo, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que a circulação estará limitada nos próximos dois fins de semana entre as 13:00 de sábado e as 05:00 de domingo e as 13:00 de domingo e as 05:00 de segunda-feira nos 121 concelhos de maior risco de contágio.
O Governo decretou também o recolher obrigatório entre as 23:00 e as 05:00 nos dias de semana, a partir de segunda-feira e até 23 de novembro, nos 121 municípios mais afetados pela pandemia.
No distrito de Viana do Castelo, além da capital do Alto Minho estão incluídos os concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença, Paredes de Coura e Ponte de Lima.
A AEVC representa cerca de 1.100 associados distribuídos pelos concelhos de Viana do Castelo, Caminha, Vila Nova de Cerveira, Valença e Paredes de Coura.
Contactado pela agência Lusa, a propósito de um comunicado hoje enviado às redações pela Associação Empresarial de Viana do Castelo (AEVC), Manuel Cunha Júnior criticou o facto de “só serem conhecidas as normas para as grandes superfícies”.
“Isto é no mínimo uma injustiça e uma falta de cuidado para com um setor que, desde o primeiro minuto, tem obedecido e colaborado na adoção de medidas sanitárias recomendadas pela Direção Geral da Saúde (DGS) para salvaguardar a saúde dos seus clientes e para garantir o bom funcionamento dos seus estabelecimentos”, sublinhou.
Na nota hoje enviada às redações, a AEVC refere que “se, entretanto, não for publicada a regulamentação da autorização de abertura dos estabelecimentos, as condições em que os mesmos podem abrir e o seu horário de funcionamento, manterá o regime que até agora vigora, previsto na resolução do Conselho de Ministros de 02 de novembro”.
“A capacidade de resiliência do aparelho empresarial, já o demonstrou, é enorme. Mas como tudo, um dia acaba”, refere a nota.
No documento a associação acrescenta que face à falta de regulamentação, os empresários estão “impedidos de uma forma informada de se adaptar sobre o ponto de vista logístico e comercial às medidas adotadas e a constatar um tratamento diferenciado que sofrem, quer nas medidas, quer na concretização das mesmas.
“sentem que o esforço coletivo que é pedido no combate à pandemia é, injustificadamente, só de alguns. Não querendo, de maneira nenhuma sobrepormo-nos às entidades competentes, que respeitamos, mas avaliando as medidas anunciadas com a justificação que apresentam para a sua implementação, começamos a duvidar do seu merecimento e da sua eficácia como forma de contenção do vírus”, sustenta a AEVC.
A associação acrescentou “temer pelo prolongamento no tempo de medidas restritivas do funcionamento para algumas atividades económicas, que já estão moribundas”.
“Percebemos que vivemos tempos excecionais que não podem justificar a falta de cuidado e as restrições que parte da atividade económica está votada, bem como a falta de apoio efetivo, como temos reivindicado e também sem discriminação., para a manutenção dos seus negócios”, lê-se no documento.
A AEVC “estranha” e “protesta contra o favorecimento da grande distribuição, onde se vende de tudo, em detrimento do comércio não alimentar e da restauração”.
“Obviamente, que a grande distribuição, em período alargado e com campanhas promocionais, não deixará de fazer o seu S. Miguel em tempos de pandemia. E as outras?”, questiona.