O público vai poder ver e ouvir “o melhor que a comunidade artística de Berlim tem para oferecer”, garantiu Tiago Pinto Pais, referindo tratar-se de “uma comunhão de arte e poesia que atravessa os tempos”.
“Artistas com background de jazz, e poetas que reinterpretam música tradicional, temas de cantautores dos anos 70 e 80, temas originais e improvisação com recitação. Um exemplo de solidariedade em tempos desafiantes”, referiu o presidente da direção da Berlinda, associação cultural e de apoio social sem fins lucrativos.
O projeto pretende ser uma alternativa à tradicional Festa de Natal da Comunidade Portuguesa em Berlim, face à impossibilidade de uma celebração nos moldes usuais, dependentes de um formato presencial.
“O projeto propõe-se a apoiar a comunidade artística portuguesa em Berlim e, cumulativamente, propiciar um momento de fruição aos portugueses e todos os amigos da cultura portuguesa neste ano pautado pelos desafios com que a pandemia de covid-19 nos confrontou”, admitiu.
No total, são nove os artistas que participam no projeto, um deles Guilherme Rodrigues, artista sonoro e violoncelista a viver em Berlim há cinco anos.
“Foi relaxante, por um lado, porque falamos todos a mesma língua e somos parecidos, mas, por outro, tivemos de nos adaptar às condições de higiene e seguranças atuais, assim como manter alguma distância e usar máscara”, descreveu à agência Lusa.
O principal desafio foi precisamente a organização de ensaios e gravações com a participação de um número elevado de pessoas.
“Era crucial garantir a segurança de todos, pelo que a transmissão em ‘live streaming’ foi logo excluída: seria complexa a movimentação de artistas entre temas numa transmissão ao vivo. Assim, gravou-se o concerto offline, podendo planear-se a movimentação de todos com segurança, salvaguardando sempre o distanciamento físico e a higienização de mãos”, realçou Tiago Pinto Pais.
Para Higino Andrade, contrabaixista, compositor e professor, a viver em Berlim desde 2017, “este tipo de iniciativas são atos de resiliência”.
“Mais do que mostrar o nosso trabalho, devem ser uma mensagem de coragem e força para os demais”, apontou.
O objetivo é o que o projeto continue, não se limitando ao concerto de natal.
“A criação de um diálogo e de uma rede de artistas portugueses e lusófonos em Berlim sempre foi um objetivo da associação, e este projeto é fundamental na prossecução do mesmo”, partilhou o presidente da direção da Berlinda.
“Os nove artistas participantes acabaram até por subscrever um breve manifesto sobre o propósito do trabalho conjunto: ajuda mútua, continuidade ao longo do tempo após o arranque através deste evento, criação de uma marca para a cultura portuguesa a partir de Berlim, valorização do trabalho artístico original”, sustentou.
Guilherme Rodrigues espera que este seja o início “de algo com futuro”, porque “a energia foi boa e as propostas bastante concisas e diferentes”.
O coletivo de portugueses é formado por Ana Rocha, Denise Pereira, Fabíola “Sem Forma” (nome artístico), Filipe Duarte, Gonçalo Mortágua, Guilherme Rodrigues, Higino Andrade, Nuno Filipe e Pedro Matos.