“Já tivemos empresas que desistiram por não termos as infraestruturas concluídas. Empresas que tinham alguma urgência em construir as suas unidades e que foram para outros concelhos”, referiu João Correia.
O novo polo industrial das Pedras Brancas, em São Pedro da Torre, no concelho de Valença, distrito de Viana do Castelo, tem uma área de cerca 100 mil metros quadrados, terá 18 lotes e deverá estar pronto em junho de 2021, num investimento superior a 600 mil euros.
“Já temos um lote alugado para uma empresa, mas temos perdido várias oportunidades porque o parque ainda não está concluído. A infraestruturação do parque está a ser acabada lentamente porque a construtora a quem entregamos o projeto alega que não tem trabalhadores suficientes. Tem tentado recrutar e diz-nos que há falta de trabalhadores na área da construção civil”, especificou João Correia, de 59 anos.
O primeiro polo da freguesia de São Pedro da Torre tem 20 lotes e está instalado no lugar do Monte. O segundo espaço, em Arraial-Silva, acolhe meia dúzia de empresas.
A aposta na criação de zonas industriais em São Pedro da Torre surgiu na década de 90, quando a comissão de baldios recebeu cerca de 750 mil euros de indemnização da Brisa, após disputa judicial, pela expropriação de terrenos para a construção da autoestrada 3 (A3), entre Braga e Valença.
O professor e contabilista, que desde 1996 preside ao conselho diretivo dos baldios, explicou que, nessa altura, o objetivo dessa aposta passou por “rentabilizar o espaço comunitário, criando receita para investir na freguesia e postos de trabalho para os seus habitantes”.
“Quando pensamos em gerir os nossos solos de forma diferente o objetivo foi o de tornar a freguesia autónoma e independente, [para] que não dependesse exclusivamente do município ou de outros organismos para fazer obra na aldeia. Teremos as nossas receitas próprias”, explicou.
“Temos conseguido esse objetivo, mas temos muitas frentes”, ironizou.
Segundo o responsável, todos os anos são entregues à Junta de Freguesia cerca de 60 mil euros para obras na aldeia. “
Todos os anos apoiamos o clube de futebol da terra, a escola de música, os bombeiros de voluntários de Valença. Às vezes parecemos uma Santa Casa da Misericórdia. Toda a gente nos pede ajuda e nós, dentro do possível, vamos ajudando”, referiu.
Além do investimento no novo polo industrial, a comissão de baldios “está, atualmente, a apoiar a construção do centro do dia, que prevê a criação de um lar para a terceira idade, no valor de mais de um milhão de euros”.
Segundo João Correia, a previsão de receita anual da comissão de baldios ronda os 150 mil euros, mas nem sempre esse valor é alcançado.
“Se todos pagassem a renda, as receitas poderiam atingir os 150 mil euros por ano. Mas, infelizmente, não atingimos esse valor porque temos muitas rendas em atraso. Em alguns casos, a crise é motivada pela pandemia de covid-19 que estamos a viver, mas em algumas empresas os problemas já se atrasam há alguns anos”, referiu.
Além dos três polos industriais, a comissão de baldios tem mais de 20 hectares de floresta e mais 15 hectares de terrenos agrícolas que estão a ser explorado por uma empresa de produção de kiwis.