De acordo com a Associação Portuguesa de Serviços Técnicos para Eventos (APSTE), num comunicado hoje divulgado, a reunião decorreu hoje de manhã por videoconferência e teve como intuito “a criação de um grupo de trabalho que visa analisar o impacto da pandemia e, sobretudo, definir as regras ou procedimentos necessários para que, mesmo no atual contexto, se possam realizar diferentes tipos de eventos sem, no entanto, comprometer a saúde pública”.
Na reunião com a ministra da Cultura, Graça Fonseca, estiveram representantes da APSTE, da Associação de Promotores, Espetáculos, Festivais e Eventos (APEFE), da Associação Portuguesa de Festivais de Música (Aporfest) e da Associação Espetáculo – Agentes e Produtores Portugueses (AEAPP).
Do lado do Governo, além de Graça Fonseca, participaram “representantes da Secretaria de Estado Turismo, da Secretaria de Estado da Saúde e da IGAC [Inspeção-Geral das Atividades Culturais]”.
A equipa de trabalho, que irá reunir-se novamente daqui a 15 dias, “irá definir uma estratégia que permita assegurar a possibilidade de, em 2021, se poder desfrutar de um festival de verão ou concerto de música sem colocar em risco a saúde de todos”.
“Já se percebeu que, infelizmente, este contexto de pandemia não irá desaparecer tão cedo e, mais do que pedir ajudas do Estado, pretende-se criar as condições necessárias para trabalhar”, salienta a APSTE.
De acordo com a associação, no encontro de, Graça Fonseca “ouviu atentamente todas as preocupações”, tendo ficado definido “que as associações irão delinear um conjunto de medidas para serem analisadas e debatidas” na próxima reunião.
O presidente da Aporfest, Ricardo Bramão, explicou que, na reunião, “não foram dadas garantias ainda” da realização de festivais este ano, mas “abriu-se uma porta” para as estruturas apresentarem “soluções em específico”.
“Estamos dependentes da atualidade, mas a questão é perceber como podemos trabalhar perante a atualidade, com os casos lá fora, casos que foram possíveis pôr em prática. Temos planos para poder efetivar e, na próxima reunião, haver bastante ‘fumo branco'”, disse.
Em comunicado, a APEFE sublinha que todas as associações presentes na reunião “demonstraram a sua total disponibilidade para apresentar, estudar e colaborar com o Governo”, para que “o público possa voltar a desfrutar e usufruir de festivais e espetáculos de música”.
A pandemia da covid-19 impediu a realização de dezenas de espetáculos em Portugal em 2020, e obrigou ao adiamento de festivais e outros eventos para este ano.
Embora haja datas marcadas para vários festivais de verão, como o Rock in Rio Lisboa, o Alive (Oeiras), o Primavera Sound (Porto) e o Sudoeste (Zambujeira do Mar), os promotores querem saber em que condições poderão realizá-los.
“É criar espaços, bolhas, livres de covid-19, que é ‘só entra quem tem vacina ou tem teste negativo’, além de outras medidas: ‘cashless’, copos recicláveis, álcool gel a ser distribuído em mochilas. Há várias ideias [como a] colaboração com vários laboratórios, no sentido de, ‘quem tiver bilhete, vai ao laboratório e faz o teste'”, afirmou à agência Lusa o promotor Luís Montez, na semana passada.
Na quarta-feira, perante o anúncio do Governo de novo confinamento geral para conter a propagação da covid-19, o promotor Álvaro Covões falava à Lusa do “agravamento de uma trágedia”.
“Trabalhamos num setor que não funciona em ‘take-away’, teletrabalho ou ‘delivery'”, disse Álvaro Covões, sublinhando que o setor da cultura necessita de “uma bazuca” de apoios.
No ano passado, os espetáculos começaram a ser adiados ou cancelados em março, ainda antes de decretado o encerramento das salas.
Segundo números da APEFE, só entre meados de março e final de abril foram cancelados, suspensos ou adiados cerca de 27 mil espetáculos.
No dia 01 de junho, as salas foram autorizadas a reabrir, com lugares marcados e o cumprimento de regras de distanciamento físico, embora no final de maio ficasse proibida a realização de “festivais e espetáculos de natureza análoga”, até ao passado dia 31 de dezembro.
O verão decorreu sem os festivais de música, com a Aporfest a estimar uma perda de cerca de 1,6 mil milhões de euros, em relação aos dois mil milhões originados em 2019.
A APEFE, por seu lado, ainda antes de apurados os números do quarto trimestre de 2020, atestava que o mercado dos espetáculos registara uma quebra de 87%, entre janeiro e outubro, face a 2019, admitindo que a quebra poderia chegar aos 90%, no final do ano.
Os números concordavam com os das plataformas de venda de bilhetes para espetáculos, em Portugal: a BOL registou uma quebra de 91% no volume de vendas, enquanto a Ticket Line e a Blue Ticket disseram à Lusa terem registado perdas superiores a 80%.