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10 Fev 2021

Arquidiciose de Braga “salva” espólio musical do padre Manuel Faria Borda

Pedro Xavier

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A Arquidiocese de Braga “resgatou”, por 2.000 euros, o espólio musical do padre Manuel Faria Borda, que estava as mãos de um alfarrabista de Esposende e corria o risco de se “dispersar” irremediavelmente.

Em conferência de imprensa, o presidente do Instituto de História e Arte Cristã da Arquidiocese de Braga, cónego José Paulo Abreu, disse que a compra daquele espólio poderá ser o “rastilho” para a atualização do dicionário da história da música portuguesa, que “parou” na década de 60 do século XX.

“Falta trazer a história até aos dias de hoje”, referiu.

O espólio de Manuel Faria Borda inclui 115 manuscritos, 75 obras completas, 211 obras impressas e 250 partituras impressas, além de 435 revistas de música sacra.

José Paulo Abreu sublinhou que a compra deste espólio constitui “um tributo de gratidão à plêiade de grandes compositores” que produziram “obras magníficas de música sacra”, traduzidas em “milhares de cânticos”.

O arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, referiu que o espólio estava num alfarrabista de Esposende, correndo o risco de ser comprado avulso e, assim, se “dispersar” irremediavelmente.

“Foi um historiador de Esposende que me deu o alerta”, acrescentou.

O espólio vai, agora, ser estudado pelo Departamento de Arte Sacra da arquidiocese.

Segundo Jorge Ortiga, a arquidiocese tem o objetivo, mais abrangente, de recolher todos os documentos dispersos pelas paróquias e que “correm o risco de se perderem” e de os guardar no seu novo arquivo, que ficará instalado num edifício anteriormente ocupado pelo jornal “Diário do Minho”.

No edifício, ficará também a biblioteca da arquidiocese.

“Queremos que o arquivo e a biblioteca não sejam espaços mortos, antes possam ser visitados e consultados”, sublinhou.

O projeto está pronto e só não avançou em 2020 devido à pandemia e às consequentes quebras de receitas da arquidiocese, resultantes do fecho das igrejas e/ou das restrições à entrada de pessoas.

“Vai avançar quando passar a pandemia”, garantiu Jorge Ortiga.

O padre Manuel Faria Borda nasceu em São Paio de Fão, Esposende, a 07 de julho de 1914 e faleceu a 06 de março de 1992, tendo sido compositor e regente de coros.

Aprendeu solfejo e canto gregoriano no Seminário de Braga, indo depois estudar piano, harmonia, contraponto e fuga em Salamanca e no Conservatório de Música do Porto, onde foi aluno do compositor e pianista francês, Lucien Lambert.

Apresentou várias peças musicais entre os anos 40 e 80 do século XX, nomeadamente em Braga mas também em Guimarães, como foi o caso das celebrações da independência e restauração, em 1940.

Em 1944, fundou os Pequenos Cantores da Imaculada, orfeão infantil do Seminário de Nossa Senhora da Conceição, e trabalhou também com o Coro de Fão, para o qual musicou os salmos responsoriais para as missas de todo o ciclo litúrgico, compondo também outros cânticos religiosos e várias peças orfeónicas inéditas.

Integrou a Comissão Bracarense de Música Sacra durante décadas e colaborou assiduamente na Nova Revista de Música Sacra, através de composições para a liturgia renovada pelo Concílio.

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