“Por este andar, ultrapassamos, largamente, os números do ano passado. É sinal de um crescimento muito grande de pessoas a precisarem de ajuda, o que nos deixa muito preocupados”, afirmou José Machado.
O responsável diz que a instituição é “muito procurada” para o pagamento das rendas de habitações.
“As rendas são muito caras. Enquanto tivermos dinheiro, vamos pagando. Esgotando-se o dinheiro, garantimos a alimentação. Há muitos particulares que nos entregam ou doações em dinheiro ou géneros alimentares. O Banco Alimentar também nos ajuda nessa parte”, explicou.
José Machado, de 79 anos, disse que “o ritmo de pedidos de apoio começou a aumentar exponencialmente a partir de março de 2020 [altura do primeiro confinamento geral devido à pandemia de covid-19], bem como as pessoas que recorriam ao serviço”.
“Em todo o ano de 2019 contabilizamos 1.083 atendimentos e a Cáritas só funcionava dois dias por semana, durante a tarde. Em 2020, o número de pedidos de ajuda passou para 1.341, um aumento de 258 pessoas que recorrerem aos nossos serviços, agora a funcionar todos os dias”, especificou.
José Machado explicou ainda que “as pessoas que agora mais pedem ajuda são as que ficaram desempregadas”.
“Se, antes da pandemia, eram sobretudo as pessoas de idade que vinham até nós, a partir de março, passamos a atender casais jovens que caíram no desemprego, imigrantes, estudantes com dificuldades, entre outros”, especificou.
Além de alimentação, “os pedidos de ajuda estendem-se ao pagamento de medicamento, das contas de eletricidade, água e gás, despesas de saúde e escolares, também damos enxovais para recém-nascidos e algum material ortopédico”, apontou José Machado.
Apesar de a ação da Cáritas abranger a população carenciada de toda a Diocese, que integra os dez concelhos do distrito de Viana do Castelo, a maioria dos pedidos de apoio são de famílias do concelho de Viana do Castelo.
Tal deve-se “à proximidade e ao apoio que a Câmara dá mensalmente à instituição, cerca de quatro mil euros”, explicou.
Além daquele apoio, José Machado adiantou que, por ano, a Diocese de Viana do Castelo atribuiu à Cáritas “entre 15 e 16 mil euros”.
“Os peditórios de rua deixamos de os fazer por causa da pandemia. Muitas das nossas voluntárias são pessoas com uma certa idade e têm medo, mas apelamos a todos os possam dar que tragam os seus donativos às nossas instalações”.
“A direção também é composta por pessoas com mais de 75 anos, como eu que tenho 79 anos, mas com todas as precauções lá vamos atendendo as pessoas, com o apoio das duas funcionárias que temos”, observou.