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27 Mar 2021

Mulheres com emprego na indústria são as mais afetadas por fecho de fronteiras no Alto Minho e Galiza

Pedro Xavier

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As mulheres com emprego na indústria representam a maioria dos trabalhadores transfronteiriços afetados pelo encerramento de fronteiras entre o Alto Minho e a Galiza, de acordo com o perfil divulgado pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial Rio Minho.

Em comunicado, o AECT Rio Minho adiantou que aquela conclusão resulta de uma “análise realizada aos 200 testemunhos recolhidos, de forma voluntária, entre os dias 02 e 18, concluindo que o perfil maioritário incide sobre o sexo feminino e com posto de trabalho no setor industrial”.

“Um dos dados estatísticos mais relevantes é a diferença significativa no que respeita ao género das pessoas registadas, já que 62% são mulheres e 37% são homens. Quanto ao setor económico prevalecente, a análise efetuada revela que o setor industrial é o que emprega um maior número de pessoas (50%), seguido do setor de serviços, do comércio e, finalmente, da administração e serviços públicos”, refere a nota.

Segundo o AECT Rio Minho, “quando questionados sobre o maior prejuízo provocado pelo encerramento de fronteiras, os testemunhos incidem sobre o grave aumento da distância e tempo na deslocação entre a residência e o local trabalho e vice-versa, por serem obrigados a fazer grandes desvios da rota, assim como a aguardar nos pontos de controlo”.

“Há ainda 25,29% dos afetados acusam um incremento notável no custo das suas deslocações, algo compatível com a primeira causa, 12,94% das pessoas comunicam que a atual situação foi mesmo impeditiva para se apresentar ao posto de trabalho, e 1,76% da amostra alegou um prejuízo puramente económico, derivado da diminuição do número de clientes oriundos da outra margem”, sustenta.

O lançamento do “registo voluntário ‘online’ e a respetiva análise revelam que o restabelecimento da fronteira entre os dois estados ibéricos, acordado a 31 de janeiro de 2021, se apresenta como um retrocesso a todos os níveis para o território do rio Minho transfronteiriço, em particular os impactos sociais e económicos, corroborado que ambos os governos desconhecem a real situação que se vive neste território comum”.

O formulário “continua disponível no ‘website’ smartminho.eu, solicitando dados relativos ao tipo de prejuízo sofrido pelas trabalhadoras e trabalhadores transfronteiriços, como perdas de tempo, aumento de custos da viagem ou redução de clientes”.

O objetivo “desta recolha é que possa servir de base reivindicativa de compensações para o território, a ser remetida às entidades nacionais e europeias competentes”.

No início deste mês, o primeiro-ministro António Costa disse que as fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha vão continuar fechadas até à Páscoa.

Atualmente, das oito passagens que ligam o distrito de Viana do Castelo às Galiza, o atravessamento da fronteira durante 24 horas apenas está autorizado na ponte nova de Valença. Há ainda em Monção, Melgaço, no Lindoso, Ponte da Barca, pontos de passagem que estão disponíveis nos dias úteis, das 07:00 às 09:00 e das 18:00 às 20:00.

De acordo com um estudo encomendado pelo AECT Rio Minho ao doutorado em Economia da Universidade de Vigo Xavier Cobas, estima-se que o fecho de fronteiras entre Portugal e Espanha, no primeiro confinamento geral, em 2020, provocou “uma perda de faturação superior a 92 milhões de euros” naquele território.

Segundo as estimativas de Xavier Cobas, o encerramento de fronteiras, durante o primeiro confinamento geral motivado pela pandemia de covid-19, entre 17 de março e 30 de junho, “afetou cerca de 25.000 pessoas em toda a eurorregião Norte de Portugal-Galiza e 10.000 nos distritos de Pontevedra e Viana do Castelo”.

Com sede em Valença, o AECT Rio Minho abrange 26 concelhos: os 10 municípios do distrito de Viana do Castelo que compõe a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho e 16 concelhos galegos da província de Pontevedra.

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