Na iniciativa KmVertical, o atleta de corridas de natureza pretende fazer o maior número de vezes o trilho de 3.700 metros, que corresponde a um quilómetro na vertical, entre Alvoco da Serra, no concelho de Seia, e a Torre.
Ultrapassar o cansaço, as dores musculares e a dureza do percurso vão ter um incentivo especial para Armando Teixeira, que leva na mochila o desejo de “contribuir com algo significativo” para uma zona “muito fustigada pelos incêndios” florestais.
“Além do desafio pessoal de estabelecer a distância mais rápida conhecida do percurso em 24 horas, quero sensibilizar para a sustentabilidade da Serra da Estrela, tão castigada pelo flagelo dos incêndios, para a questão ambiental”, disse o atleta.
A corrida tem início às 16:00 de sábado, termina à mesma hora no domingo e pode ser acompanhada, através de câmaras e de sistema de geolocalização, na página www.kmvertical.pt, onde são feitos os donativos e existe um contador com o número de árvores angariadas, um euro por cada.
O valor conseguido será para ajudar na plantação de 1200 medronheiros e sobreiros que o Movimento Estrela Viva tem agendada para outubro e novembro “naquela encosta ardida”, onde “o terreno não retém a água e os solos ficam cada vez mais áridos”, explica Joana Viveiro, do grupo cívico ambiental, envolvido pela Junta de Freguesia de Alvoco da Serra, parceira da iniciativa.
Com 45 anos e há 12 habituado às corridas por trilhos na natureza e aos desafios que surgem para ultrapassar obstáculos, Armando Teixeira não antevê facilidades.
Além das previsões de uma sensação térmica entre 06 e 07 graus Celsius negativos e de vento, é esperada alguma chuva, que pode ser queda de neve, e “o percurso é muito técnico, muito irregular”, numa encosta “exposta, sem proteção”.
No trilho há um “desnível positivo de mil metros”, com “20% a 30% de inclinação”.
“Vai ser um nível de dificuldade extremo, pela tecnicidade do percurso, pelo desnível, não tanto pela altitude”, antecipa Armando Teixeira, que espera “ajudar a sensibilizar” para o impacto no ecossistema de ter “uma serra despida”.
Joana Viveiro acentua que não basta comprar as árvores, são necessários outros materiais, e o trabalho do Movimento Estrela Viva não se limita à reflorestação, “é necessário monitorizar”.
A representante do movimento de cidadãos elogia iniciativas que promovam a Serra da Estrela “de uma forma global” e aplaude o gesto de Armando Teixeira.
“É dar alguma coisa a quem está a tentar fazer alguma coisa pelo território. É deixar uma pegada positiva”, acentua Joana Viveiro.
A representante da Estrela Viva acrescenta que o ‘trail’ dá a conhecer a Serra da Estrela “como um todo”, porque “é importante perceber que a serra não é só neve, que há caminhos e trilhos para usufruir, mas também uma comunidade local e produtos endógenos para conhecer, num espírito de partilha”.
Armando Teixeira quer fazer o que o atraiu na modalidade: desfrutar da “paixão pela montanha” e estar em comunhão com a natureza.