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28 Abr 2021

Viana do Castelo: Câmara e herdeiros abertos a parceria que salve mosteiro beneditino em São Romão de Neiva

Pedro Xavier

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O presidente da Câmara de Viana do Castelo classificou de "muito produtiva" a reunião que manteve com os herdeiros de um mosteiro milenar que ameaça ruir, adiantando estarem em cima da mesa "variadíssimas propostas" para trabalhar "em conjunto".

“Estamos com variadíssimas propostas em cima da mesa, ou seja, estamos a construir uma solução. Encontramos um caminho para trabalharmos, em conjunto, na preservação daquele património”, disse José Maria Costa.

Em causa está um mosteiro beneditino em São Romão de Neiva, na margem esquerda do rio Lima, em “avançado estado de degradação” que “guarda” vestígios históricos que atiram a sua origem para 1087, antes da fundação de Portugal.

O mosteiro tem cerca de 1.190 metros quadrados (m2) de área coberta, 40% dos quais em ruína, e cerca de 6.000 m2 de terreno.

O autarca, que falava à Lusa no final de uma reunião hoje em que participaram três dos oito herdeiros e o presidente da Junta de São Romão de Neiva, adiantou estar “muito esperançoso numa oportunidade de avançar para um projeto concreto”.

“Vi muita abertura por parte da família para qualquer tipo de solução. Pareceu-me genuína a vontade da família em proteger e conservar o seu património. Sabemos que muitas vezes estas famílias, atendendo a que são edifícios de uma grande amplitude, que implicam muitos custos, têm dificuldades, ‘per si’, de o fazer. Temos de estar atentos e o município pode entrar como parceiro, para haja uma reabilitação”, especificou.

Segundo José Maria Costa, uma “parceria” na reabilitação do imóvel é também “um dos cenários que está em cima da mesa”.

“Podermos ter um projeto conjunto, em que o município também intervém na conservação do edifício, podendo utilizá-lo durante algum tempo durante o ano para fins culturais, de formação, para visitas de estudos de alunos, rotas dos beneditinos”, especificou.

José Maria Costa adiantou que “em meados de maio” irá visitar o mosteiro, acompanhado de uma equipa técnica da autarquia.

“Será uma primeira aproximação ao terreno para ver as possibilidades. Vamos fazer alguns estudos, ao nível do Plano Diretor Municipal (PDM), de programas existentes para a reabilitação do património, quer no atual, quer no futuro quadro comunitário de apoio, fazer algumas avaliações, do que pode ser feito do ponto de vista da reabilitação”, avançou.

O autarca socialista referiu ainda ter sido colocada “a hipótese de haver aquisição” do imóvel pelo “município, para a utilização do espaço para fins culturais, ou até para outras soluções que a família esteja de acordo”.

“Vamos é ajudar a família a encontrar uma solução que permita a conservação e a valorização do património, sem pôr em causa a proteção do valor patrimonial que existe. Tive oportunidade de lhes dizer que, apesar de ser património privado, não deixa de ser importante para o concelho e para o país, uma vez que todos nós temos a obrigação de conservar e valorizar o que vem do passado”, sustentou.

Maria Bertrand, uma das herdeiras, disse que a reunião com o presidente da Câmara “foi muito boa”.

“Gostamos muito de termos conversado. Vamos estudar as propostas”, referiu, afirmando estar “confiante” numa solução.

Também presente no encontro o presidente da Junta de Freguesia, Manuel Salgueiro, disse estar “muito satisfeito” com o resultado da reunião, manifestando-se convicto de que será possível encontrar uma solução que permita travar a degradação do imóvel.

Em vias de ser classificado como imóvel de interesse público pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) desde 1980, encontra-se “em avançado estado de degradação”, ao lado da igreja e do cemitério de São Romão do Neiva.

O mosteiro foi comprado pelo bisavô, Manuel Gomes da Costa Castanho, em 1916 ou 1917, e herdado por oito dos seus 12 filhos.

Castanho emigrou “pobre” de Vila Nova de Anha e regressou “rico” do Brasil. Comprou, “em leilão, por 33 contos [cerca de 165 euros]”, uma verdadeira fortuna na altura, o ?pack’ completo que incluía o mosteiro, a igreja e o cemitério, entretanto entregue à paróquia.

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