“O facto de estarmos a tentar proteger o convento de São Francisco do Monte provem de um dos objetivos do nosso grupo que é a proteção do património não só nacional como internacional. Foi uma das denúncias que recebemos e como as tomamos todas a sério fizemos o que fazemos sempre. Numa primeira fase comunicar com as entidades responsáveis”, afirmou João Viegas, presidente do IHSHG – International History Students and Historians Group.
Segundo aquele responsável, o grupo que reúne cerca de seis mil membros, entre estudantes, graduados, mestres, doutores, arqueólogos e professores de História de todo o mundo, enviou na terça-feira cartas a várias entidades como o Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Câmara Municipal, União de Freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela, Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), ICOMOS – Conselho Internacional de Monumentos e Sítios, entre outras entidades bem como a partidos políticos.
Em causa está um imóvel datado do século XIV, adquirido em 2001 pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), situado na encosta do Monte de Santa Luzia, e que se encontra há anos votado ao abandono e à espera de reabilitação.
Segundo o IHSHG trata-se de “um monumento registado, e assim protegido, pelos artigos 3º, 21º, 33º e 46º da lei 107/201, do Diário da República nº 209/2001, série I-A de 2001-09-08, se prevê a sua salvaguarda e respetiva valorização”.
Na carta, aquele grupo internacional manifesta o seu “descontentamento” pelo estado de “total negligência” em que se encontra o convento, localizado na freguesia de Santa Maria Maior.
Questionam as diferentes entidades se têm conhecimento do estado em que se encontra o monumento, que programação ou avaliação podem tomar para a salvaguarda do monumento” e não existindo qualquer “ação” prevista, o grupo espera que a exposição agora efetuada “possa contribuir para uma chamada de atenção e reconhecimento da necessidade de rápida intervenção de salvaguarda destes vestígios arqueológicos”.
“O nosso grupo disponibiliza-se para ajudar em qualquer assunto em que possamos intervir”, refere o documento.
Os historiadores internacionais realçam que o convento foi “edificado em finais do século XIV, tendo sido a primeira casa conventual de Viana do Castelo, e um dos três primeiros mosteiros a reger-se pela Ordem dos Frades Menores”.
“Após várias obras de renovação à estrutura original o edifício foi transformado em oratório no início do século XVII, após a construção do Convento dos Capuchos, para o qual transitou a maior parte dos frades de São Francisco do Monte”, referem os especialistas.
Aquela comunidade adianta também que “após passar por vários privados, o espaço foi comprado em 2001 pelo IPVC”, sendo que “20 anos depois o convento de São Francisco do Monte continua a não apresentar uma valiosa atitude de salvaguarda, apresentando-se num lamentável estado de ruína e total negligência, em vias de desaparecer”.
Antes de chegar as mãos do IPVC, e com a extinção das ordens religiosas, o convento foi comprado em hasta pública em 1834, pelo Visconde de Carreira, que o transformou em exploração agrícola. A partir da década de 60 do século XX, o espaço conventual entrou em progressivo estado de degradação e, em 1987, o seu último proprietário, Rui Feijó, doou-o à Misericórdia local.