“A região dos Vinhos Verdes sente a necessidade de avançar, não só com mais velocidade, mas sobretudo com mais método naquilo que é a adoção de práticas ambientalmente sustentáveis pelos produtores”, afirmou Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV.
Por forma a fazer “um ponto de situação da região” e perceber as práticas adotadas na agricultura, produção de vinhos e enoturismo, a Comissão encomendou no ano passado à AgroGes um estudo que agora se materializa na implementação da Estratégia de Sustentabilidade Ambiental para a Região dos Vinhos Verdes.
Os resultados obtidos com o estudo serão apresentados numa sessão pública ‘online’, que decorrerá esta tarde, sendo que, depois desse momento, o objetivo da CVRVV é “avançar com formação e com a aplicação de boas práticas no terreno”, seja uma melhor gestão da água, dos fitofármacos usados ou até mesmo das embalagens.
“Vamos tentar identificar as práticas e, depois da avaliação dos dados, vamos ver quais os caminhos de formação que precisamos de fazer para levar, mês a mês ou ano a ano, os produtores a melhorarem as suas práticas”, referiu o presidente da Comissão, acrescentando, contudo, que a estratégia não pretende ser “um sistema de certificação”.
“Queremos é ajudar os produtores, em toda a fileira, a melhorarem as suas práticas para que mais tarde se possam inscrever em sistemas nacionais ou europeus de certificação nacional”, destacou.
Ainda que a adoção de práticas ambientalmente sustentáveis por parte dos produtores seja um dos objetivos da estratégia, é também “um dos grandes desafios”, admitiu Manuel Pinheiro.
“Um dos grandes desafios vai ser o de sensibilizar os produtores a participarem no projeto, analisarem as suas práticas e adotarem outras mais sustentáveis. O nosso argumento tem de ser que procuramos dentro dos Vinhos Verdes ter uma estratégia de valorização”, apontou.
E acrescentou: “o erro é as pessoas acharem que a sustentabilidade ambiental é cara e uma perda de dinheiro”.
“Não é. O avanço nestas áreas vai ter de contribuir para valorizar o negócio e, portanto, contribuir para que ele seja economicamente sustentável”, disse.
Além de práticas amigas do ambiente, a estratégia visa também adotar práticas socialmente sustentáveis, isto é, que tornem “a produção de vinho mais amiga das comunidades onde se insere”, visando por isso a estabilidade laboral, condições de segurança e higiene no trabalho e contratação e renumeração das equipas.
“Isto é muito valorizador do produto. O cliente quer saber que adquire um produto que é responsável perante o ambiente e que na região onde é produzido, as comunidades subsistem de forma positiva, tem qualidade de vida e há respeito pela humanidade”, salientou.
Manuel Pinheiro afirmou que este projeto é “uma nova linha de trabalho” que vai ficar com a região dos Vinhos Verdes “por muito tempo”.
Para o presidente da CVRVV, a adoção destas práticas permitirá “chegar ao mercado mundial com argumentos de responsabilidade ambiental e social da região, o que valorizará os produtos”.
“Os mercados, sobretudo do Norte da Europa, são muito sensíveis a estas questões (…). Os grandes compradores estão a exigir certificações ambientais e sociais, daí querermos dar esta ferramenta aos produtores”, afirmou, acrescentando que a exigência ambiental vai chegar “muito rapidamente” a toda a Europa.
“No futuro, o que vai ser insustentável é alguém estar a destruir o ambiente ou as comunidades para produzir seja o que for”, sublinhou.
O projeto ficará aberto a todos os produtores da região, desde as grandes empresas até aos pequenos sócios da cooperativa, tendo como objetivo chegar aos 16 mil viticultores e mais de 300 engarrafadores da região.
A sessão de apresentação da estratégia decorrerá na plataforma Teams e terá como oradores Manuela Nina Jorge, da AgroGes, João Barroso, do PSVAlentejo, Marta Mendonça, do Porto Protocol, e Dora Simões, do LD Vinhos.