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20 Mai 2021

Herdeiros de mosteiro em ruína em São Romão de Neiva confiantes na sua salvaguarda

Pedro Xavier

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Os herdeiros de um mosteiro beneditino em São Romão de Neiva acreditam que a visita do presidente da Câmara de Viana do Castelo ao imóvel, em ruína, "é mais um passo na direção" da sua salvaguarda.

“O presidente da Câmara ficou com uma ideia do espaço e disse que agora vão ser estudados os diferentes projetos que podem ser feitos. Estamos satisfeitos porque foi mais um passo na direção da resolução do problema, mas foi só um passo”, afirmou em declarações à agência Lusa, Charles Bertrand.

Charles Bertrand e a mãe são os únicos residentes da ala norte do mosteiro beneditino, “um dos primeiros, que a ordem religiosa terá construído em Portugal”.

Na quarta-feira, os dois receberam no imóvel milenar que tem cerca de 1.190 metros quadrados (m2) de área coberta, 40% dos quais em ruína, e cerca de 6.000 m2 de terreno, o socialista José Maria Costa.

O encontro ficou marcado no final de abril, quando o autarca recebeu nos Paços do Concelho alguns dos herdeiros para analisarem “em conjunto” as “variadíssimas propostas” para trabalhar com vista à preservação do monumento.

Charles Bertrand adiantou hoje que o presidente da Câmara de Viana do Castelo informou que vai realizar uma avaliação ao imóvel, que “guarda” vestígios históricos que atiram a sua origem para 1087, antes da fundação de Portugal.

“O que ficou combinado é que ainda haverá mais reuniões no futuro. Dentro de cerca de 15 dias voltaremos a encontrar-nos para falar. É um processo que ainda vai demorar, mas sinto que está no bom caminho”, disse o engenheiro de computação gráfica e multimédia, de 35 anos.

Em vias de ser classificado como imóvel de interesse público pela Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) desde 1980, encontra-se “em avançado estado de degradação”, ao lado da igreja e do cemitério de São Romão do Neiva.

Em abril, em declarações à Lusa, no final da reunião com três dos oito herdeiros do imóvel, o presidente da Câmara classificou o encontro de “muito produtivo”, adiantando estarem em cima da mesa propostas para trabalhar “em conjunto”.

“Estamos com variadíssimas propostas em cima da mesa, ou seja, estamos a construir uma solução. Encontramos um caminho para trabalharmos, em conjunto, na preservação daquele património”, referiu.

O autarca, adiantou estar “muito esperançoso numa oportunidade de avançar para um projeto concreto”.

“Vi muita abertura por parte da família para qualquer tipo de solução. Pareceu-me genuína a vontade da família em proteger e conservar o seu património. Sabemos que muitas vezes estas famílias, atendendo a que são edifícios de uma grande amplitude, que implicam muitos custos, têm dificuldades ‘per si’ de o fazer. Temos de estar atentos e o município pode entrar como parceiro, para haja uma reabilitação”, especificou.

Segundo José Maria Costa, uma “parceria” na reabilitação do imóvel é também “um dos cenários que está em cima da mesa”.

“Podermos ter um projeto conjunto, em que o município também intervém na conservação do edifício, podendo utilizá-lo durante algum tempo durante o ano para fins culturais, de formação, para visitas de estudos de alunos, rotas dos beneditinos”, especificou.

O autarca socialista referiu ainda ter sido colocada “a hipótese de haver aquisição” do imóvel pelo “município, para a utilização do espaço para fins culturais, ou até para outras soluções que a família esteja de acordo”.

“Vamos é ajudar a família a encontrar uma solução que permita a conservação e a valorização do património, sem pôr em causa a proteção do valor patrimonial que existe. Tive oportunidade de lhes dizer que, apesar de ser património privado, não deixa de ser importante para o concelho e para o país, uma vez que todos nós temos a obrigação de conservar e valorizar o que vem do passado”, sustentou.

O mosteiro foi comprado pelo bisavô de Charles, Manuel Gomes da Costa Castanho, em 1916 ou 1917, e herdado por oito dos seus 12 filhos.

Castanho emigrou “pobre” de Vila Nova de Anha e regressou “rico” do Brasil. Comprou, “em leilão, por 33 contos [cerca de 165 euros]”, uma verdadeira fortuna na altura, o ‘pack’ completo que incluía o mosteiro, a igreja e o cemitério.

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