“É um momento de grande significado porque o Porto e Norte está a desenvolver este trabalho de certificação de quatro Caminhos para Santiago de Compostela e temos, neste momento, a possibilidade de conseguirmos que o primeiro seja o Caminho Português da Costa”, afirmou Luís Pedro Martins.
Contactado pela Lusa, a propósito da assinatura do documento, no domingo, dia do apóstolo Santiago Maior em Santiago de Compostela, na Galiza, Luís Pedro Martins garantiu que, na candidatura que vai ser entregue pelo Turismo Porto e Norte, o percurso do Caminho português pela Costa aponta Valença como a porta de entrada na Galiza.
Na terça-feira, a Associação dos Amigos dos Caminhos Santiago (AACS) de Viana do Castelo acusou a Galiza de promover um percurso do Caminho Português da Costa pela vila de A Guarda, que não “tem fundamento histórico” e visa “apenas interesses turísticos”.
O presidente AACS, Alberto Barbosa, revelou que “a Xacobeo SA, entidade espanhola que gere o Caminho de Santiago pela Costa, está a indicar que o percurso entra na Galiza pela vila de A Guarda, após atravessar o rio Minho através do ‘ferryboat’ em Caminha”.
“Essa rota não tem fundamento histórico e tem apenas interesses turísticos”, apontou Alberto Barbosa.
Segundo Alberto Barbosa, “através de A Guarda o peregrino leva mais um dia para chegar a Santiago de Compostela” e está “a retirar da rota definida como Caminho Português da Costa cerca de 70% dos peregrinos”.
O presidente do Turismo Porto e Norte explicou que a formalização da candidatura de certificação do Caminho Português da Costa “estava apenas dependente da assinatura deste memorando”, sendo que “a partir de agora estão reunidas as condições para entregar a candidatura e aguardar pela sua validação”.
Para Luís Pedro Martins, o memorando a assinar no domingo “é o fruto de um trabalho que se pretende realizado em conjunto pelas autarquias atravessadas pelo Caminho Português da Costa e pela TPNP, com vista à certificação deste itinerário pela Comissão Nacional de Certificação e para a valorização de um produto turístico fabuloso”, explica Luís Pedro Martins.
“O compromisso do Porto e Norte, como entidade gestora, passa por entregar todo o dossiê de candidatura e, depois, ser o principal parceiro na promoção interna e externa do Caminho, assim como manter em diálogo constante todos os municípios e parceiros de forma que a certificação seja mantida”, referiu.
Luís Pedro Martins explicou que a “certificação implica ter um conjunto de requisitos cumpridos, por ser reavaliada de três em três anos, ao nível da sinalética, pontos de apoio, alojamento, limpeza, segurança”, entre outros.
O mesmo “procedimento de certificação está a ser adotado em relação aos Caminhos Central, Minhoto-Ribeiro e o de Torres, dos quais o Turismo do Porto e Norte é a entidade gestora e cujos dossiês estão em fase de conclusão para ainda este ano serem entregues as candidaturas”.
Há ainda um quinto Caminho, o do Interior, cuja certificação caberá à Federação Portuguesa dos Caminhos de Santiago de Compostela.
O presidente da TPNP adianta ainda que “os Caminhos de Santiago têm um potencial de crescimento enorme, não só a nível nacional, como também internacional”.
Em 2019, antes da pandemia de covid-19, a peregrinação rumo à catedral de Santiago de Compostela, na Galiza, para venerar as relíquias do santo, a pé, a cavalo ou em excursões, atingiu um recorde, com 350 mil peregrinos.
Este ano, em Santiago de Compostela celebra-se o Ano Santo, também conhecido por Jacobeu, uma vez que 25 de julho, dia de Santiago Maior, coincide com um domingo.