A nova aposta divulgada, vai ser candidatada em dezembro ao programa operacional MAR2020, ao abrigo de um projeto que pretende utilizar insetos como fonte de proteína nas rações para rãs.
O insectário da ESA, uma das seis escolas superiores do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) foi criado para complementar um outro projeto, também candidatado ao programa operacional MAR2020, num investimento de 740 mil euros, no âmbito da inovação na aquacultura com o envolvimento de técnicas para novas culturas”.
Aquele projeto é financiado em 75% através do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas (FEAMP) e em 25% através de comparticipação nacional, dos quais cerca de 50 mil serão investidos na construção e equipamento do insectário experimental.
O insectário arrancou no ano letivo 2017/2018 e entrou em funcionamento em fevereiro, em novas instalações.
A unidade, que trabalha em parceria com a Associação Portuguesa de Ranicultura, já produz escaravelhos, duas espécies de grilos e baratas.
Prestes a iniciar-se está o processo para a produção da mosca soldado negro, cujas larvas são muito eficientes no processo de compostagem de resíduos vegetais e utilizadas como fonte proteica para alimentação animal.
“O insectário, agora nas novas instalações, vai ser o centro de produção de alimento vivo”, afirmou o professor responsável pelo projeto, Júlio Lopes, citado numa nota hoje enviada às redações.
A candidatura a submeter em dezembro resulta de um “estudo de fontes alternativas de proteína para o desenvolvimento de rações a utilizar na produção comercial de rãs”.
A aposta vai ao encontro “das recomendações da Comissão Europeia no sentido de diminuir a dependência do uso da farinha de peixe na alimentação para aquacultura”.
Inicialmente, o objetivo da ESA passou por “desenvolver uma técnica para produção de anfíbios, nomeadamente rãs”, mas agora quer “garantir alimento vivo”, uma vez que “estes animais não estão habituados a rações secas”.
“Fizemos a transferência do material para o novo local, que é totalmente controlado a nível de climatização e aí teremos maior eficácia na produção”, assegurou o professor, acrescentando que “o próximo passo é produzir ração para rãs adultas”.
Segundo Júlio Lopes, “existem produtores, nomeadamente no mercado francês, que produzem rãs em cativeiro, sendo o único país da União Europeia que autorizou uma espécie diferente da autóctone e alimenta as rãs com rações para peixe”.
“Estas rações têm uma quantidade muito grande de farinha de peixe e esse produto é considerado não sustentável, porque é preciso capturar espécies que não têm valor comercial para produzir as farinhas e alimentar os peixes que têm valor comercial”, explicou o docente.
O insectário da ESA pretende produzir rações para anfíbios, mas sem utilizar a farinha de peixe e, em alternativa, incluir os insetos como fonte de proteína das rações.
“Há mercado na Europa para as pernas de rãs para consumo humano, mas o mercado europeu importa as rações da Ásia e da Turquia”, sustentou
“Uma vez que a utilização de insetos já se encontra regulamentada para uso em rações para peixes, a ESA-IPVC iniciou uma unidade experimental com o objetivo de testar diferentes formas de produção de insetos através da avaliação da qualidade nutricional e o desempenho zootécnico de diferentes espécies assim como a sua viabilidade para a produção de componentes a incorporar nas dietas experimentais da Unidade de Investigação em Aquacultura”, especificou.
O insectário “ainda não está a funcionar em pleno, devido a algumas dificuldades na conclusão das obras”.
Com cerca de cinco mil alunos, o IPVC tem seis escolas – de Educação, Tecnologia e Gestão, Agrária, Enfermagem, Ciências Empresariais, Desporto e Lazer -, ministrando 28 licenciaturas, 40 mestrados, 34 CTeSP e outras formações de caráter profissionalizante.
Além das escolas superiores de saúde, educação e tecnologia e gestão, situadas em Viana do Castelo, o IPVC tem escolas superiores instaladas em Ponte de Lima (Agrária), Valença (Ciências Empresariais) e Melgaço (Desporto e Lazer).