Numa campanha quase exclusivamente composta por comícios e com poucos contactos com a população, António Costa viajou de norte a sul de Portugal, incluindo as ilhas, e ‘pintou’ um país que está a “poucas semanas, senão poucos dias” de ter a pandemia “controlada” e que precisa de começar a “olhar para o futuro”, com a “compreensão de que o futuro começa já hoje”.
Com o ‘slogan’ “Garantir o Futuro no Caminho Certo”, António Costa muniu-se do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para prometer um país “mais próspero”, “mais dinâmico” e “mais moderno” até 2026, que terá nas autarquias, devido ao pacote de descentralização que entrará em vigor em abril de 2022, um parceiro “absolutamente central”.
“As próximas eleições não são mais umas eleições porque são as eleições onde vamos eleger as câmaras com poderes que as câmaras nunca tiveram até agora”, frisou em Aveiro, no primeiro dia de campanha.
Com duras críticas à oposição – que, durante a campanha, o criticou por estar a misturar as funções de secretário-geral do PS e de primeiro-ministro ao falar das verbas do PRR – António Costa acusou-a de “absoluta impreparação” e garantiu que, apesar de o PRR ser um “plano do país”, não é “indiferente” quem ganha as eleições do próximo dia 26.
“Para que este plano tenha sucesso, nós não podemos ter os municípios entregues a quem todos os dias aparece na televisão a combater o PRR, temos que ter os municípios entregues a quem quer arregaçar as mangas e pôr rapidamente no terreno, e em execução, o PRR”, salientou António Costa em Braga, um município liderado pelo PSD e CDS desde 2013.
Durante a campanha, António Costa demarcou-se do Governo que o precedeu, liderado por Pedro Passos Coelho, que acusou de, “durante anos”, ter andado a “fazer campanha contra o Serviço Nacional de Saúde”, a “convencer a Europa de que Portugal tinha estradas a mais” e a pedir a Bruxelas que “impusesse sanções ao país” quando o seu Governo assumiu funções.
Em contraponto, o secretário-geral do PS apresentou-se como o principal responsável por se ter “virado a página da austeridade”, afirmou que travou uma “batalha muito dura” em Bruxelas para conseguir desfazer a imagem do país que tinha sido construída pelo seu predecessor, e apelou a que os eleitores continuem a “escolher o caminho certo”.
Consoante as prioridades dos concelhos onde discursava, António Costa foi prometendo verbas para áreas estratégicas do país – até 11.230 milhões para as empresas, 2.750 milhões para a habitação, mil milhões de euros para os municípios – e obras e infraestruturas que serão financiadas através do PRR, como, por exemplo, uma nova maternidade em Coimbra ou a construção do nó de Rans do IC-35 em Penafiel.
Em Matosinhos, António Costa ‘aqueceu’ a campanha e foi mais além: criticou o encerramento da refinaria local pela Galp e prometeu uma “lição exemplar” à empresa.
“Era difícil imaginar tanto disparate, tanta asneira, tanta insensibilidade, tanta irresponsabilidade, tanta falta de solidariedade como aquela que a Galp deu provas aqui em Matosinhos”, apontou.
Numa altura em que se aproxima uma “libertação com cautela”, o secretário-geral do PS apelou a que os portugueses continuem a testemunhar a “excecionalidade” que demonstraram durante a pandemia também em “tempos normais” e comprometeu-se a “utilizar bem, com transparência, rigor, sem a menor suspeita de corrupção” as verbas europeias.
“É todos juntos que nós conseguiremos efetivamente virar a página desta crise e, sobretudo, cumprir o dever que temos para com as próximas gerações: fazer deste país um país mais próspero, mais feliz, com mais e melhores condições de vida para todos e todas os que querem desenvolver o seu futuro aqui em Portugal”, frisou.