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03 Set 2021

Criado apoio para jovens vítimas de violência doméstica no Alto Minho

Rádio Geice

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As crianças e jovens do distrito de Viana do Castelo vítimas de violência doméstica têm ao dispor um apoio especializado garantido pelo projeto RAP - Resposta de Apoio Psicológico, financiado por fundos comunitários.

A psicóloga Mónica Gonçalves explicou que o Gabinete de Atendimento à Família (GAF) é a entidade responsável por aquela resposta nos concelhos de Viana do Castelo e Ponte de Lima, através do seu Núcleo de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica.

Aquela estrutura integra a Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD) e trabalha “em estreita articulação com outras entidades com intervenção quer na violência doméstica, quer na infância e juventude”.

O RAP da responsabilidade do GAF, que começou a funcionar no início deste mês, com duração de 21 meses e financiamento do POISE – Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, vai garantir “serviços de apoio psicológico e psicoterapêutico, metodologias de intervenção individual ou em grupo e baseadas em abordagens especializadas, como as abordagens psicoterapêuticas focadas no trauma”.

O projeto será desenvolvido em parceira com a Unidade Local de Saúde do Alto Minho (ULSAM), Ministério Público, Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP), agrupamentos escolares, responsáveis pelo encaminhamento dos casos.

“O GAF há muito que dá apoio psicológico a vítimas de violência doméstica e disponibiliza estruturas de acolhimento, mas as crianças e jovens acabavam por ficar num papel secundário”, explicou Mónica Gonçalves.

A psicóloga do GAF adiantou que a “necessidade estava há muito identificada, mas não existia um serviço organizado e estruturado que, de forma imediata, garantisse o acompanhamento psicológico”.

A candidatura ao POISE veio agora permitir o arranque do RAP.

“Há muito a expectativa de que poderá ser um ótimo recurso, mesmo para as CCPJ e as escolas que passam a ter uma resposta para onde encaminhar as crianças e jovens para um trabalho mais consistente e eficaz daquele que era feito pelas estruturas de atendimento existentes”, explicou.

Além da RAP disponível em Viana do Castelo e Ponte de Lima, o projeto abrange os restantes municípios integrados na Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, da responsabilidade do Centro Social e Paroquial de Vila Praia de Âncora, em Caminha.

De acordo com o GAF, “a violência contra as crianças ou jovens, designadamente a que é exercida em contexto familiar e que enquadra o crime de violência doméstica, assume uma inegável expressão”.

“Segundo dados da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género, entre 2015 e 2019 foram acolhidas nas casas de abrigo e nas respostas de acolhimento de emergência da RNAVVD um total de 7.414 crianças e jovens”, destaca uma nota do GAF, enviada à imprensa.

A instituição aponta ainda números da Secretaria-Geral da Administração Interna, de 2018, que indicam que “cerca de 4.000 crianças ou jovens com menos de 16 anos foram identificadas como vítimas nas ocorrências de violência doméstica participadas à GNR e PSP (12% do total de vítimas), e 31% de todas as ocorrências de violência doméstica participadas à PSP foram presenciadas por menores”.

No mesmo ano, “611 crianças ou jovens foram acolhidos/as no regime residencial da segurança social eram vítimas de violência doméstica (7,7% do total)”.

Em 2019, “as CPCJ receberam 12.645 comunicações na categoria de perigo por violência doméstica (aumento de 8,9% face a 2015)”.

No setor da saúde, “em 2018 foram registadas 798 sinalizações de crianças ou jovens por violência doméstica (9,8% do total de sinalizações de crianças ou jovens em risco)”.

Face aqueles dados nacionais, o GAF, uma Instituição Particular de Solidariedade Social criada em 1994, sustenta ser “necessário o reforço sistematizado e integrado da disponibilização de serviços de apoio psicológico e psicoterapêutico especificamente direcionado para crianças e jovens vítimas de violência doméstica, quer estejam acolhidas em casas abrigo, respostas de acolhimento de emergência quer sejam atendidas e acompanhadas pelas estruturas de atendimento”.

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