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14 Set 2021

Festa das Rosas em Viana do Castelo classificada património cultural imaterial

Pedro Xavier

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O registo da Festa das Rosas de Vila Franca, em Viana do Castelo, romaria que se realiza há 399 anos, foi hoje formalizado no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, como consta do anúncio publicado em Diário da República.

O despacho assinado pela subdiretora-geral do Património Cultural Rita Jerónimo, é sustentado numa proposta do Departamento dos Bens Culturais da Direção-geral do Património Cultural (DGPC).

“A inscrição da Festa das Rosas de Vila Franca no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial responde aos critérios […] relativos à importância da manifestação […] enquanto reflexo da identidade da comunidade em que esta tradição se originou e se pratica”, lê-se no anúncio hoje publicado.

O documento realça ainda “a produção e reprodução que caracterizam esta manifestação do património cultural na atualidade”, e que se traduz “em práticas transmitidas intergeracionalmente no âmbito da comunidade, com recurso privilegiado à oralidade e à observação e participação direta”.

A inscrição agora formalizada surge na sequência de um pedido formulado pela Junta de Freguesia de Vila Franca.

Em março, a Câmara de Viana do Castelo aprovou, por unanimidade, um parecer positivo, “manifestando a total concordância”, aquele registo por “visar a proteção legal de todo o simbolismo e expressão cultural que as festas representam no plano local e nacional”.

A Festa das Rosas de Vila Franca, que se realiza há 399 anos na freguesia de Vila Franca, na margem esquerda do rio Lima, em Viana do Castelo, decorre em maio e abre o ciclo festivo no Alto Minho.

A romaria é conhecida pelos cestos floridos, confecionados com milhares de pétalas de flores.

Os cestos, que chegam a pesar mais de 50 quilogramas, são transportados na cabeça por jovens mordomas batizadas em Vila Franca, e que completem 19 anos em maio, numa demonstração de “orgulho e fé”.

Os cestos floridos das festas começam a ser confecionados dias antes, tarefa que envolve toda a família, os amigos e vizinhos, num verdadeiro espírito de entreajuda.

A mordoma é que escolhe os motivos do cesto florido que vai oferecer a Nossa Senhora do Rosário.

Os temas são mantidos em segredo para serem surpresa até ao dia do cortejo, sendo que há sempre uma rivalidade saudável porque todas as mordomas querem apresentar o cesto mais bonito.

Depois de serem exibidos nos cortejos das festas, momento que até à chegada da pandemia de covid-19 atraia todos os anos milhares de visitantes a Vila Franca, os cestos floridos ficam em exposição na igreja paroquial da freguesia.

A Festa das Rosas é da responsabilidade da Confraria de Nossa Senhora do Rosário, fundada em 1622 por frades dominicanos. Os seus estatutos referem que as mordomas têm de levar flores a Nossa Senhora nos dias de festa.

Por isso mesmo, todas as mordomas caprichavam em levar as mais belas flores e em grandes quantidades, que se destinavam à decoração dos altares, à confeção das fieiras e ao adorno do adro e seu atapetamento.

Ao longo dos anos a tradição evoluiu, reforçando a qualidade de confeção dos cestos a transportar à cabeça pelas mordomas, nestas procissões.

Cada jovem pode recorrer a colegas e amigas para ajudar na tarefa, tendo em conta o peso destes cestos, que se assumem também como obras de arte popular, confecionadas por bordadores, também de Vila Franca do Lima.

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