Viana do Castelo: PS viabiliza governação comunista em Darque

Em declarações hoje à agência Lusa, o presidente reeleito pela CDU nas últimas eleições autárquicas, Augusto Silva, explicou que “quando não se ganha com maioria [absoluta] deve-se contar sempre com as outras forças políticas”.

Segundo dados provisórios do Ministério da Administração Interna, o PCP-PEV venceu as eleições de 26 de setembro com 42,36% dos votos e garantiu seis lugares no executivo da Junta de Freguesia, o PS alcançou 32,71% e garantiu cinco lugares e a coligação PSD/CDS-PP registou 18,20% dos votos e ficou com dois mandatos.

Pela segunda vez sem a maioria absoluta para governar, Augusto Silva repetiu o convite às duas forças políticas mais votadas para compor o elenco governativo.

Ao contrário do que aconteceu há quatro anos, a coligação PSD/CDS-PP “apresentou exigências exageradas” e um acordo concretizou-se com o PS.

“A intenção é que estejam todos disponíveis para fazer o melhor por Darque. Já realizámos três reuniões da Junta e vamos agora preparar o Plano de Atividades para 2022. Tal como aconteceu com a PSD/CDS-PP, o documento também incluirá propostas do PS. Mas também estamos abertos às propostas do PSD, tendo sempre em atenção o orçamento limitado da freguesia”, sublinhou Augusto Silva.

O executivo da Junta de Freguesia, empossado no final de outubro, integra cinco elementos: quatro da CDU e um do PS.

Augusto Silva espera que a presença do PS no executivo liderado pela CDU “venha a facilitar o diálogo com a maioria socialista que governa a Câmara de Viana do Castelo”.

“Com isto não quero dizer que, no final do diálogo tenha que ser como a câmara quer, mas pelo menos tem de haver diálogo que tem faltado nos últimos anos. Têm sido apresentadas decisões já como factos consumados. É isso que os darquenses não têm gostado e que tem contribuído, de ato eleitoral em ato eleitoral, para o aumento de votação na CDU”, especificou.

A Mesa da Assembleia de Darque, com 13 mandatos, é presidida por Fernando Coelho, eleito pela coligação PSD/CDS-PP e secretariado por duas mulheres: uma eleita pela CDU e, outra, pelo PS.

Antigo bastião comunista no concelho de Viana do Castelo, desde a década de 90 que a governação da freguesia, com cerca de 10 mil habitantes, sendo uma das mais populosas do concelho e do distrito de Viana do Castelo, tem sido alternada entre CDU e PS.

Nas eleições autárquicas de 2017, o PS, liderado por Fernando Garcez, venceu sem maioria absoluta (37,64% dos votos – cinco mandatos) e recusou formar executivo com a CDU, que alcançara 28,09% dos votos, com quatro mandatos.

“O PS vence sem maioria, exatamente como a CDU nas eleições de setembro. A CDU defendia que, atendendo aos resultados eleitorais, devia parte do executivo. Não houve acordo”, disse.

Depois de um impasse de sete meses na instalação dos órgãos autárquicos, os eleitos da CDU e do PSD na Assembleia de Freguesia de Darque renunciaram ao mandato, provocando o ato eleitoral. A oposição exigia estar representada na Mesa da Assembleia de freguesia.

Durante o impasse, a freguesia foi gerida por uma comissão administrativa.

Em setembro de 2018 realizaram-se eleições intercalares e a CDU ganhou, tendo conseguido seis dos 13 mandatos a atribuir. Nessa altura, o acordo de governação foi conseguido com o PSD, que concorreu sozinho.

Também na União das freguesias de Viana do Castelo (Santa Maria Maior e Monserrate) e Meadela, a maior do distrito, com cerca 34 mil habitantes e perto de 25 mil eleitores, a CDU ganhou as últimas eleições, tendo conseguido sete dos 19 mandatos atribuídos.

A comunista Helena Brito, que venceu sem maioria absoluta, conseguiu eleger executivo, com seis vogais da CDU e um do Bloco de Esquerda.

Nas autárquicas de 2013, e com a reorganização administrativa que juntou Monserrate, Santa Maria Maior e Meadela, a CDU reconquistou as três freguesias agrupadas em União, e governou em coligação com o PSD. Em 2017, repetiu a vitória, sem maioria absoluta, e garantiu a governação em coligação com o PS.

Em termos populacionais, a União de Freguesias de Viana do Castelo representa mais de um terço da população do concelho e tem mais habitantes do que oito dos dez concelhos do Alto Minho.

A fusão das três freguesias resultou num órgão responsável pela gestão de um território de 28,4 quilómetros quadrados.