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31 Dez 2021

Bispo de Viana do Castelo partilha mensagem de Ano Novo

Rádio Geice

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D. João Labrador, o novo Bispo da Diocese de Viana do Castelo, partilha com a Rádio GEICE a sua Mensagem de Ano Novo.

Mensagem de Ano Novo/2022

«Cristo é a nossa Paz» 

Em cada ano que começa, renasce a esperança em cada pessoa e em cada comunidade. 

Entre todos os anseios que dominam o coração e a inteligência das pessoas do nosso tempo está a paz.

Na verdade, são tantos os sinais a indicarem-nos que a paz ainda está muito distante da nossa cultura e da nossa sociedade.

Olhando ao longe deparamo-nos com guerras mais abertas ou mais encapotadas. Senão através das armas, estão muito latentes nas ameaças. Mas, sobretudo não podemos ignorar a crise dos refugiados que procuram refúgio noutros países e para os quais se nega acolhimento e se erguem muros.

Acresce ainda as disputas económicas protagonizadas pelas grandes potências mundiais que geram desequilíbrios desastrosos entre ricos e pobres. A crise provocada por esta pandemia pôs mais a nu esta evidência que já vinha de trás e que agora se vai acentuando mais.

Se isto nos parece afastado do nosso alcance, não podemos deixar de reconhecer que há muitos conflitos à nossa volta e perto de nós. Desde a violência doméstica, passando pela exploração de jovens e crianças, acentuada a marginalidade e a exclusão pela crise pandémica, pelos conflitos dentro da família e entre vizinhos, não podemos ignorar quanto devemos fazer para edificar a paz autêntica e verdadeira.

O Concilio Vaticano II, consciente dos esforços desenvolvidos na sociedade actual para promover a unidade e a comunhão entre os povos, afirma que «progressivamente unificada, e por toda a parte mais consciente da própria unidade, não pode levar a cabo a tarefa que lhe incumbe de construir um mundo mais humano para todos os homens, a não ser que todos se orientem com espírito renovado à verdadeira paz». 

Aliás, «a mensagem evangélica, tão em harmonia com os mais altos desejos e aspirações do género humano, brilha assim com novo esplendor nos tempos de hoje, ao proclamar felizes os construtores da paz «porque serão chamados filhos de Deus».

Daí que, reconhecendo a paz como um dom de Deus que nos é oferecido no Seu Filho, que é apelidado de «Príncipe da Paz» mas também é fruto do esforço de todos os homens, o Concilio, interpelando ardentemente os cristãos, exorta-os a que «com a ajuda de Cristo, autor da paz, colaborem com todos os homens no estabelecimento da paz na justiça e no amor e na preparação dos instrumentos da mesma paz».

Reconhecendo que «o bem comum do género humano é regido, primária e fundamentalmente, pela lei eterna; mas, quanto às suas exigências concretas, está sujeito a constantes mudanças, com o decorrer do tempo, a Igreja desperta-nos para o facto de a paz nunca se alcançar duma vez para sempre, mas, antes deve estar constantemente a ser edificada. 

É nesta progressiva e constante edificação da paz que somos chamados a dedicar o nosso esforço. É na atenção permanente e minuciosa de todos os entraves e ataques à construção da paz autêntica que deve exigir vigilância e actuação enérgica de todos os homens e mulheres na sociedade de hoje e nomeadamente dos discípulos de Jesus Cristo.

Para a paz se encaminham muitos outros valores como a verdade, o amor, a justiça, a fraternidade, o bem e o altruísmo. Por isso, afirma o Papa Francisco, na sua Enciclica Fratelli Tutti, num dado passo, que «o percurso para a paz não implica homogeneizar a sociedade, mas permite-nos trabalhar juntos» (nº 228). E, mais adiante sublinha que «nunca está terminada a construção da paz social num país, mas é uma tarefa que não dá tréguas e exige o compromisso de todos». 

Verdadeiramente a paz afigura-se-nos como «uma obra que nos pede para não esmorecermos no esforço por construir a unidade da nação e – apesar dos obstáculos, das diferenças e das diversas abordagens sobre o modo como conseguir a convivência pacífica – persistirmos na labuta por favorecer a cultura do encontro que exige que, no centro de toda a ação política, social e económica, se coloque a pessoa humana, a sua sublime dignidade e o respeito pelo bem comum». 

Na mensagem para este ano, dedicada à paz, intitulada «Diálogo entre gerações, educação e trabalho: instrumentos para construir uma paz duradoira», o Papa Francisco alerta-nos para o contributo de cada um para a «arquitetura» da paz, para a qual «intervêm as várias instituições da sociedade, e existe um «artesanato» da paz, que nos envolve pessoalmente a cada um de nós. 

Realmente, «todos podem colaborar para construir um mundo mais pacífico partindo do próprio coração e das relações em família, passando pela sociedade e o meio ambiente, até chegar às relações entre os povos e entre os Estados».

Referindo-se ao diálogo intergeracional, o Papa sublinha que «todo o diálogo sincero, mesmo sem excluir uma justa e positiva dialética, exige sempre uma confiança de base entre os interlocutores». Assim, «devemos voltar a recuperar esta confiança recíproca».

Realçando, o papel da instrução e educativo na edificação da paz, o Santo Padre afirma que «constituem os vetores primários dum desenvolvimento humano integral: tornam a pessoa mais livre e responsável, sendo indispensáveis para a defesa e promoção da paz». Aliás, «instrução e educação são os alicerces duma sociedade coesa, civil, capaz de gerar esperança, riqueza e progresso».

Já no que diz respeito ao trabalho, o Papa Francisco realça que «o trabalho é um fator indispensável para construir e preservar a paz».  E, prossegue afirmando que o trabalho «constitui expressão da pessoa e dos seus dotes, mas também compromisso, esforço, colaboração com outros, porque se trabalha sempre com ou para alguém». 

Deste modo e «nesta perspetiva acentuadamente social, o trabalho é o lugar onde aprendemos a dar a nossa contribuição para um mundo mais habitável e belo».

Ainda em tempo de pandemia a exigir a responsabilidade de todos e a criatividade na procura de soluções, uso o mesmo apelo do Santo Padre, ao referir que «aos governantes e a quantos têm responsabilidades políticas e sociais, aos pastores e aos animadores das comunidades eclesiais, bem como a todos os homens e mulheres de boa vontade, faço apelo para caminharmos juntos por estas três estradas: o diálogo entre as gerações, a educação e o trabalho».

Encorajo todos os que se dedicam à vida pública, ao bem comum e à promoção da dignidade humana que coloquem todos os seus esforços na edificação da paz.

Que não desanimemos no longo e árduo caminho que nos leva à paz e nós cristãos, sabendo que Jesus Cristo é a nossa Paz e que esta se alcança em comunhão com Ele, dediquemos todo o nosso esforço na proclamação, por palavras e gestos, da Boa Noticia da Paz.

Apresento a todos os diocesanos, presentes no território e na emigração, os meus votos de Feliz Ano Novo que agora começa repleto das Bênçãos de Deus.

João Lavrador, Bispo de Viana do Castelo

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