Já o empresário Mário Ferreira afirmou, frente aos microfones, que Ana Gomes “atira a pedra e esconde a mão”, mas que desta feita terá de responder pelos seus atos.
Questionada sobre se atenuaria hoje as adjetivações usadas contra o empresário da Douro Azul e dono da TVI, Ana Gomes foi perentória: “Não alivio rigorosamente nada”.
“Não me calo”, observou mais tarde, em declarações à porta do tribunal criminal do Bolhão, no Porto, onde começou hoje a ser julgada sob a acusação e pronuncia de difamação agravada ao empresário Mário Ferreira, que classificou como “criminoso fiscal” e “escroque”.
A ex-diplomata e ex-eurodeputada entende que se trata de uma “opinião fundamentada” e disse que Mário Ferreira é o quarto português recetor de fundos europeus, sendo também importante na área da navegação e dos ‘media’, pelo que a sua conduta exige escrutínio acrescido.
Disse ainda que continuará “justiceira vigilante” – expressão com que é designada na acusação – se isso significar, não que se substitua à justiça, mas que possa contribuir para ela fazer o seu papel. E ilustrou com uma queixa que apresentou na Procuradoria Europeia e a que esta está a dar andamento.
Falando também aos jornalistas à saída do tribunal, Mário Ferreira disse que nem Ana Gomes nem o seu advogado gostariam de ter uma filha adolescente ver alguém chamar “escroque” ao pai.
“Para eles é normal, para mim não. Afeta a minha honra e o meu bom nome e por isso ela terá de responder”, afirmou na sequência do seu depoimento na sala de audiências.
“Eu tive aqui a oportunidade de poder responder a letra à senhora Ana Gomes, coisa que ela não está habituada. Normalmente, atira a pedra e esconde a mão. Agora terá de responder. Acreditamos no estado de Direito”, disse ainda.
Em causa estão considerações sobre o empresário, na sequência de investigações e buscas relacionadas com a subconcessão do Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) e de negócios de navios.