Estas festas que se perdem nos anais do tempo e estão relacionadas com a Ascensão do Senhor ao Céu enquadram-se no ciclo vianense da flor e têm nos seus 11 andores floridos o seu ex-libris. Alvarães, catedral da flor campestre, vive na alma do povo a sua Festa das Cruzes e dos Andores Floridos com raro bairrismo e muita alegria. Todos os anos, milhares e milhares de pétalas, perto de um milhão, colhidas nos montes de Viana do Castelo, são coladas uma a uma com água e farinha nos famosos andores de Alvarães, fazendo da Festa de Santa Cruz uma arte única no país.
Os onze andores são confecionados nos diversos lugares da freguesia, nomeadamente: Santa Cruz (Igreja), Santa Maria Gorete e S. João de Brito (Souto do Monte), Menino Jesus (Calvário), S. José e S. António (Costeira), S. Sebastião (Mariçô), Coração de Maria (Paço, Várzea e Outeiro), Sr. da Ascensão (Padrão), Senhora de Fátima (Xisto) e S. Miguel (Sião). Às 19h de sábado decorre a concentração dos andores floridos no centro da vila acompanhados pelos diversos grupos de bombos.
Os andores e as cruzes são decorados exclusivamente com plantas naturais. Este é um trabalho minucioso que, através da conjugação das cores e texturas das pétalas, forma desenhos temáticos, transformando os andores em verdadeiras obras de arte popular. O trabalho começa dias antes da festa, com a apanha das flores pelos montes vianenses, mas os bordadores dos andores só podem começar a trabalhar três dias antes, para que as pétalas não oxidem. É no pátio das casas dos mordomos da festa que, habitualmente, na madrugada de sexta-feira, se dá por concluída a decoração dos andores. Chegam a juntar-se à volta de cada andor dezenas de bordadores, num momento que conta com o trabalho e a devoção de pessoas de todas as idades e profissões que criam autênticas obras de arte.