Pimenta Machado falava na reunião da subcomissão regional do Centro da Comissão de Gestão de Albufeiras, hoje dedicada às bacias do Tejo e das ribeiras do Oeste, na qual anunciou que, a exemplo do Algarve e do Alentejo, vai igualmente avançar o Plano Regional de Eficiência Hídrica para esta região.
O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) afirmou que as medidas de contingência adotadas face à seca permitiram que a capacidade de armazenamento na albufeira de Castelo do Bode aumentasse 80 centímetros, encaixando 10 hectómetros cúbicos de água, o que equivale a cerca de 15 dias de água necessária para consumo humano e para o caudal ecológico.
“Não vai faltar a água para aquilo que é o nosso uso utilitário, que é o consumo humano. Não faltará mesmo. E ninguém nos ia perdoar” se faltasse, afirmou, numa reunião que se realizou na Biblioteca Municipal de Tomar (Santarém) e que contou com a presença de quase 100 pessoas (na maioria ‘online’) das mais variadas instituições.
Pimenta Machado afirmou que as previsões meteorológicas permitem acreditar que serão recuperados os níveis das bacias do norte do país, nomeadamente no Lima, no Lindoso, no Douro e mesmo no Zêzere e, na próxima semana, que haja chuva a Sul, sublinhando que o Algarve é a região que mais preocupação suscita.
Daí o ter sido a primeira região a ter o Plano Regional de Eficiência Hídrica aprovado, e já com financiamento de 200 milhões de euros garantido pelo Plano de Recuperação e Resiliência, o que vai permitir poupança de água tanto na agricultura como no setor urbano, aqueles que registam maiores níveis de perda de água, declarou.
Pimenta Machado salientou ainda que outro plano pioneiro no Algarve, o da reutilização de águas residuais, tanto para campos de golfe, como para a agricultura e lavagens, vai igualmente avançar no Tejo e Oeste, estando a primeira ação, que considerou ainda simbólica, agendada para o Dia Mundial da Água, 22 de março, quando será “acionado o botão” que permitirá regar todos os espaços verdes do Parque das Nações, em Lisboa, com água que sai de Estações de Tratamento de Águas Residuais.
O responsável da APA lembrou também que foi já emitida a licença de produção para a Tejo Atlântico e que está em conclusão a licença de utilização pela Câmara Municipal de Lisboa, para o aproveitamento de 1.200 metros cúbicos diários da ETAR de Beirolas para regar jardins no Parque das Nações.
Pimenta Machado, que se declarou desfavorável a soluções como transvases, disse igualmente estar a ser preparada uma proposta para “ganhar independência de Espanha”, tendo em conta a “grande dependência” no troço entre Belver, Fratel e a foz do Zêzere, em Constância.
A reunião de hoje em Tomar, seguiu-se às que decorreram no Algarve e no Alentejo, estando agendada para quinta-feira a reunião da subcomissão Norte, em Ponte da Barca, e para dia 16 a de Coimbra, concluindo-se a ronda de auscultação regional com uma reunião nacional promovida pelos ministros do Ambiente e da Agricultura.
Saudando o facto de estas reuniões estarem a decorrer em dias de chuva, Pimenta Machado salientou que as secas passaram a ser estruturais, o que obriga a um esforço de adaptação, que terá de passar por alterações na procura, melhorando a eficiência, sobretudo na agricultura e no setor urbano, onde as perdas chegam, nalguns casos, aos 60%, e na oferta, insistindo na importância da reutilização das águas residuais.
Como objetivo apontou alcançar os 10% de reutilização até 2025 (20% no Algarve) e os 20% em 2030, declarando ser inaceitável que regiões com escassez de água utilizem “água para beber” em lavagens de caixotes do lixo e de ruas ou para regas.
Por outro lado, referiu a aposta na dessanilização, com a primeira “grande central” a ser construída no Algarve até ao final de 2025.