“Não aceitamos que o patronato e o Governo usem a patranha de que os aumentos dos salários provocam uma espiral da inflação”, disse Isabel Camarinha perante milhares de pessoas que ali se concentraram depois de participar no desfile do 1.º de Maio da CGTP, em Lisboa.
Isabel Camarinha defendeu que o Governo deve tomar “medidas efetivas sobre o controlo dos preços”, exigindo “o aumento extraordinário do salário mínimo nacional, fixando-o nos 800 euros a partir de 01 de julho de 2022”.
A líder da intersindical reivindicou ainda o aumento extraordinário das pensões “num mínimo de 20 euros” e voltou a exigir aumento salarial de 90 euros para todos os trabalhadores ainda este ano.
Para Isabel Camarinha, “à boleia da pandemia e das sanções, está em marcha uma operação que visa acentuar a exploração” e a proposta de Orçamento do Estado para 2022 “passa ao lado das dificuldades dos trabalhadores”.
“Falam em contas certas, mas quem trabalha e trabalhou vive na incerteza e com a incapacidade de fazer frente às contas de cada mês”, sublinhou a líder da CGTP, defendendo que “para uma situação extraordinária” como a escalada da inflação “exigem-se medidas extraordinárias”.
“Com o aumento dos preços nestes primeiros meses, os salários e as pensões de reforma já foram comidos em 7%” e “um trabalhador com um salário de 800 euros, já baixou para 744 euros, perdeu 56 euros”, afirmou Camarinha.
Milhares de pessoas concentraram-se no Martim Moniz, em Lisboa, no âmbito das celebrações do 1.º de Maio da CGTP.
O desfile partiu ao ritmo de bombos e de palavras de ordem, pela avenida Almirante Reis rumo à Alameda.
Os trabalhadores, este ano, celebraram o Dia do Trabalhador sem restrições associadas à pandemia de covid-19, ao contrário do que aconteceu nos últimos dois anos, mas muitos optaram por usar máscara.
Entre as palavras de ordem durante o desfile ouviu-se “para o país progredir, é preciso investir” e “para o país avançar salários aumentar”.
“Paz sim, guerra não”, entoaram os manifestantes que também pediram “combate ao aumento do custo de vida e à especulação”.
Alguns dos manifestantes usaram cravos vermelhos, numa alusão ao 25 de Abril de 1974.
Nos últimos dois anos, devido às restrições relativas à pandemia da covid-19, a Intersindical não desistiu de assinalar a data na Alameda, embora apenas com cerca de um milhar de manifestantes, devidamente distanciados.
Este ano a CGTP voltou a fazer o tradicional desfile na capital, a partir da praça do Martim Moniz até à Alameda, onde ocorreu o comício sindical, assim como a manifestação do Porto, na Avenida dos Aliados.
O 1.º de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, teve origem nos acontecimentos de Chicago de há 136 anos, quando se realizou uma jornada de luta pela redução do horário de trabalho para as oito horas, que foi reprimida com violência pelas autoridades dos Estados Unidos da América, que mataram dezenas de trabalhadores e condenaram à forca quatro dirigentes sindicais.