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23 Jun 2022

Atletas de Viana do Castelo distinguidos pelos seus resultados escolares

Pedro Xavier

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Não é um, não são dois, não são três, nem quatro. São cinco, o número de atletas que a equipa de Viana do Castelo tem nos quadros de mérito devido aos resultados escolares. O médio centro Alexandre Barros, os defesas-centrais João Varajão, Martim Silva e Mateus Costa - capitão de equipa - e ainda o guardião Rodrigo Silva compõem o quinteto fantástico que mostra apetência para o lado escolar.

Uns mais tímidos do que outros, mas com perceções semelhantes sobre os vários assuntos abordados. Uma coisa é certa: todos eles sentem um enorme orgulho em estar a representar a Seleção de Viana do Castelo, “a seleção do nosso distrito”, como disse Mateus, neste Torneio Lopes da Silva. Já Alexandre acrescentou que não estava à espera de estar a ter uma evolução tão boa, pois começou há pouco tempo no futebol e sente-se um privilegiado por já estar a poder viver esta experiência.

Os resultados escolares são motivo de orgulho não só para eles, como, naturalmente, para os pais. Contudo, a resposta à pergunta “estudam muito?” pode surpreender alguns. “Não. Quer dizer, mais ou menos, depende das disciplinas. Há umas em que é preciso decorar um bocado mais”. “Eu só estudo para línguas”, diz Rodrigo. Mas então qual é o segredo para o sucesso? A resposta vem de forma unânime e quase em uníssono: “a concentração nas aulas”. Alexandre salienta ainda a capacidade para se memorizar e Mateus acrescenta a importância de se compreender bem as coisas, numa fase inicial. “Sem se compreender bem as coisas antes, não se consegue memorizar”, considerou.

Disciplinas favoritas é fácil para quase todos: educação física. Contudo, Alexandre mostra uma apetência grande pelo inglês e matemática enquanto Rodrigo mostra-se um apaixonado pela físico-química. “É fácil”, dizem. Difícil, para a grande maioria, é o inglês. Alexandre está a ter aulas particulares à parte, os outros confiam nos métodos mais autodidatas. As séries são uma ajuda muito importante e Martim revela que vê estes conteúdos com as legendas em inglês. Gerir a escola com o futebol é fácil e nas alturas mais difíceis basta que haja disciplina e compromisso, segundo os jogadores.

Os pais “não são muito chatos”. Os cinco atletas têm semelhanças também na dinâmica familiar. “O meu pai está mais preocupado comigo no futebol, enquanto a minha mãe preocupa-se mais com a escola”, diz Mateus. Os outros concordam, mas João Varajão salienta que no seu caso, o seu pai também não deixa de mostrar bastante preocupação com a escola. Alexandre Barros, por sua vez, considera que vive num clima de liberdade responsável. “Eles não fazem muita pressão em cima de mim e dão-me liberdade. Mas se perder um pouco de responsabilidade e começar a baixar um bocadinho as notas, é normal que eles se mostrem mais preocupados”, afirmou.

Os sonhos para o futuro são simples: todos querem ser jogadores de futebol e seguir as pisadas dos seus ídolos – Cristiano Ronaldo (de forma unânime), Pepe e Sérgio Ramos (para os centrais João, Mateus e Martim), Courtois para o guardião Rodrigo Silva e Zidane para o centrocampista Alexandre. “Não é do meu tempo, mas vejo muitos vídeos dele a jogar pela França e sempre gostei muito”, salientou. A passagem ao 9º ano é então encarada como mais um passo no plano B. O passo em frente dado no plano A foi a convocatória para o Torneio Lopes da Silva. Se não der para ser jogador de futebol, não sabem ainda o que querem ser, mas não colocam de parte uma profissão que permita estar ligado ao desporto-rei. “Treinador” foi uma palavra mencionada por alguns, jornalista foi uma alternativa que já passou pela cabeça de Mateus. Seguir para a faculdade será algo que apenas vão decidir mais perto da altura, pois dependerá se já terão conseguido atingir o patamar de jogadores profissionais de futebol. Contudo, o capitão de equipa relembra uma exceção que lhe serve de exemplo e sobretudo de inspiração neste capítulo: Tarantini.

Quando desafiados a sonhar, se pudessem ter um desejo, todos eles concordaram: poder jogar um dia na Seleção Nacional. “Estás a representar o teu país, é o maior orgulho que podes ter na vida”, disse o defesa-central Mateus. Rodrigo acrescentou ainda que gostava muito de jogar na Premier League e João reiterou a vontade de sentir as emoções da Liga dos Campeões quando entra em campo.

O Torneio Lopes da Silva é uma competição que pode mudar a vida de muitos jovens, pois está repleto de oportunidades. Os atletas têm consciência disso, inclusive da presença dos Treinadores Nacionais nos seus jogos, mas garantem que quando estão em campo, “assim que entramos, a nossa concentração está única e exclusivamente no jogo, nem nos lembramos disso”. Fora das quatro linhas, a possibilidade de progredir na carreira já é falada entre os colegas. Sair de Viana do Castelo não seria um problema e Mateus, inclusive, já está com futuro definido. A partir da próxima época, vai começar a equipar com o símbolo do Famalicão ao peito.

Os tempos livres aqui no torneio são passados em conjunto, nos quartos do Martim e do Mateus. “Às vezes estamos sete pessoas no mesmo quarto”, diz Martim Silva. Conversas e, mais recentemente, jogos de cartas são os hobbies, dado que a Playstation ficou em casa. João Varajão foi indicado como o homem das cartas, sendo que Keims é o jogo que mais consenso reúne na equipa.

Os cinco atletas têm aproveitado estes dias no Torneio Lopes da Silva para crescerem enquanto jogadores, mas sobretudo para viverem uma experiência única e que os fará crescer como homens. O futuro espera por eles, mas passe ele pelo futebol ou não, será sempre gratificante para estes atletas poderem viver algo que referências do futebol português como João Vieira Pinto, Rui Costa, Pauleta, Ricardo Quaresma ou Rui Patrício, entre outros, também viveram outrora.

 

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