Em comunicado, a autarquia arcoense adiantou que a intervenção visa a “restituição da paisagem natural que existia antes do deslizamento, nomeadamente, a reposição e modelação do terreno, bem como a recuperação da linha de água por forma a garantir a pretendida continuidade dos socalcos, muros, regos, caminhos, ramadas e culturas”.
Além desta empreitada, a operação “contempla uma segunda fase que avançará com a reconstituição da paisagem, desde o coberto vegetal até às estruturas de socalcos destruídas aquando do aluimento de terras”.
“As duas fases de intervenção da empreitada serão realizadas com recurso a fundos comunitários, ao abrigo do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020) – Transição Climática – Intervenções de Reabilitação da Rede Hidrográfica”, especifica a nota.
Para o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, o social-democrata João Manuel Esteves, citado na nota, a obra, que resulta de uma parceria entre o município e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), “representa a concretização de uma intervenção de primordial importância para a recuperação e segurança do local e da população e para a sustentabilidade e valorização ambiental de Sistelo”.
A empreitada foi consignada pelo valor de 889.994,28 euros, correspondente à primeira fase de intervenção em Sistelo.
Anteriormente, à Lusa, o autarca João Manuel Esteves explicou que ao abrigo do protocolo de cooperação técnica estabelecido com a APA, para formalização de uma candidatura ao Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (COMPETE 2020), o município irá suportar 15% do montante da empreitada.
O autarca do PSD estimou um prazo de execução dos trabalhos de cerca de quatro meses.
Na altura, João Manuel Esteves referiu que a segunda fase terá o mesmo prazo de execução, num investimento próximo do meio milhão de euros.
O aluimento de terras, no lugar da Igreja, freguesia de Sistelo, classificada como monumento nacional, ocorreu em junho de 2021.
A derrocada abriu uma “cratera” com 100 metros de extensão, 12 de metros de largura e cerca de seis metros de profundidade. Por precaução, 31 pessoas foram retiradas de casa.
A classificação da aldeia como Monumento Nacional da paisagem cultural da aldeia de Sistelo foi promulgada Presidente da República em dezembro de 2071, e publicada em Diário da República, em janeiro de 2018.
Encaixada no fundo de um vale, nos limites do Parque Nacional da Peneda-Gerês e conhecida como o “pequeno Tibete português”, devido aos seus socalcos, a aldeia do Sistelo tem cerca de 270 habitantes e é iminentemente rural.
Os socalcos verdes, junto ao rio Vez, representativos “da relação que o homem desenvolveu com a natureza e a forma como a moldou”, as casas típicas, os moinhos e os espigueiros são “marcas de um passado com centenas de anos”.