FECHAR
Logo
Capa
A TOCAR Nome da música AUTOR

Regional

16 Jul 2022

Mais de 300 páginas a “Falar de Viana” com textos inéditos da Romaria d’Agonia

Pedro Xavier

Acessibilidade

T+

T-

Contraste Contraste
Ouvir
A festa em Viana do Castelo em 1922 para assinalar a então pioneira travessia aérea do Atlântico Sul por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, a história do “Grande Hotel” de Santa Luzia e do elevador que há quase 100 anos sobe e desce a montanha, ou os selos postais dedicados à  Romaria d’Agonia ao longo de décadas são destaques da revista “A Falar de Viana”, lançada este sábado. 

Apresentada como habitualmente antes da Romaria da Senhora d’Agonia, que acontece  ininterruptamente desde 1995, a publicação recolhe textos históricos, acontecimentos com um  século, testemunhos, textos, reportagens e poesia de e reunidos por 35 colaboradores e faz  ainda uma revisitação dos vários cartazes oficiais da festa ao longo dos anos, e a sua própria  evolução. 

“A revista ‘A Falar de Viana’ assinala 10 anos neste novo formato e é um marco anual que  antecede a Romaria. Esta revista é o encontro de memórias em diferentes perspetivas sobre  Viana do Castelo e sobre a Romaria d’Agonia”, recorda Manuel Vitorino, presidente da  VianaFestas e vereador da Cultura na Câmara de Viana do Castelo. 

Numa coletânea de mais de 300 páginas é possível encontrar textos inéditos, resumos das  notícias que marcaram as festas e a cidade há 100 anos, mas também fotos raras que retratam  a evolução de ambas, passando pelo relato pormenorizado das viagens do “ovo” do sacrário do  mítico e histórico Convento de São Francisco do Monte. 

“São memórias que moram no coração, mas ao mesmo tempo são histórias que ficam  perpetuadas para as gerações mais novas”, acrescenta Manuel Vitorino. 

Neste seu 28.º volume – o XI da II série -, a revista “A Falar de Viana”, apresentada publicamente,  este sábado, pela VianaFestas e pela Câmara de Viana do Castelo, é coordenada por Rui Viana,  diretor da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, e tem uma vez mais coordenação editorial  por Porfírio Silva. 

Uma obra que pretende valorizar a componente cultural e religiosa das festas, e a sua relação  com a cidade e da região, recorrendo inclusive a textos inéditos. 

Tiago Brandão Rodrigues, presidente da Comissão de Honra da Romaria em 2022, recorda, na  sua mensagem nesta publicação, o interesse dedicado a Viana do Castelo pelo prémio Nobel da  Literatura, José Saramago, numa viagem que realizou em 1981. 

“Mesmo entendendo o valor do que Saramago visitou e descreveu na sua passagem por Viana,  desconfio que não tenha conhecido e entendido completamente Viana, por não ter cá vindo no  pico de agosto para poder descrever com avidez, mas calmaria, nem que fosse por um dia, o que  acontece na Nossa Senhora da Agonia. Por muito que não fosse homem de devoção, acredito 

que dedicaria prosa boa e capaz, transformando-se ele próprio em romeiro-mor nesses dias de  agosto”, descreve Tiago Brandão Rodrigues, na mensagem de abertura da publicação. 

Através de um árduo trabalho de recolha de informação desenvolvido nos últimos meses, em  várias fontes, o “A Falar de Viana” deste ano recorda, como é hábito, a Romaria de há cem anos. 

“Logo no primeiro dia de festa é grande o movimento nas ruas da cidade e no local da feira a  custo se transita. Os hotéis da cidade estão esgotados, o mesmo acontece no Grande Hotel de  Santa Luzia. Uma nota curiosa é que se veem muitos carros com melancias para venda, e que o  aluguer de cadeiras para o Festival no Jardim e Serenata é de 300 réis cada uma, revertendo o  lucro em benefício da Caridade”, lê-se. 

Contudo, uma tragédia, também retratada na publicação, assombrou a festa de 1922,  precisamente em 19 de agosto, no segundo dia da Romaria, também recordado, como  documentação histórica, nesta publicação. 

“Grande explosão na oficina de pirotecnia dos Silvas, assim conhecidos, localizada na Abelheira,  provocando quatro mortos”, assim titulava o periódico local “A Aurora do Lima”, abordado na  revista, recordando “uma enorme detonação, seguida d’outras mais pequenas” que geraram o  “alarme” a “toda essa massa de gente disseminada por vários pontos” da cidade. 

Apesar do episódio trágico, a festa de 1922 decorreu sem mais sobressaltos ou problemas, como  recorda o balanço final transcrito por Rui Viana na publicação, com destaca para touradas que  foram de “primeira ordem” e um concurso hípico que “também foi do agrado dos forasteiros”,  além do Festival no Jardim Público “considerado um dos melhores números do programa”. 

As iluminações da festa “foram de belo efeito”, no entanto, a Serenata “não produziu o efeito  desejado, por falta de barcos, que não iluminaram devido à noite húmida e nevoenta”. 

“Os comboios trouxeram 20.500 pessoas, ‘camions’ e automóveis 5.000. No domingo, vieram a  pé das freguesias do concelho cerca de 4.000 pessoas que se incorporaram na peregrinação.  Mas, como de costume, “não faltaram roubos de relógios, carteiras, cordões e dinheiro” dada a  afluência de amigos do alheio, alguns bem conhecidos e que acabaram presos – cerca de 20  homens e duas mulheres, oriundos do Porto, Braga, Famalicão e Guimarães. 

“Mas, isto, também já faz parte da festa”, recordavam os jornais de então sobre a festa de há  cem anos, retratados na revista “A Falar de Viana”. 

App Geice Fm
App Geice Fm

Últimas Noticias

Últimos Podcasts