“O aumento do número de internamentos nos grupos etários acima dos 60 anos, e nos cuidados intensivos entre os 40 e os 59 anos, ainda que abaixo do limiar crítico definido, são a favor de uma tendência crescente da incidência nas últimas semanas”, refere o documento da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Ricardo Jorge (INSA).
Segundo os dados hoje divulgados, registou-se uma crescente ocupação hospitalar por covid-19, com 465 internados na segunda-feira, o que representa um aumento de 11% em relação ao mesmo dia da semana anterior.
Quanto aos cuidados intensivos, os 32 doentes nessas unidades correspondiam a 12,5% do limiar definido como crítico de 255 camas ocupadas nessas unidades, mas com uma tendência crescente.
De acordo com o relatório, na segunda-feira, a mortalidade específica por covid-19 estava nos 8,2 óbitos a 14 dias por um milhão de habitantes, indicando uma estabilização deste indicador, que está abaixo do limiar de 20 mortes definido pelo Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC).
“Apesar deste aumento nos internamentos, mantém-se o reduzido impacto da covid-19 nos serviços de saúde e na mortalidade, traduzido numa mortalidade geral de acordo com o esperado para a época do ano”, sublinham a DGS e o INSA.
Essas duas entidades alertam que a interpretação dos indicadores agora divulgados “deve ter em conta a cessação do estado de alerta” em Portugal continental, que teve influência nas “medidas de prevenção e controlo implementadas e consequente impacto nos dados recolhidos para vigilância”.
Apesar de o índice de transmissibilidade (Rt) do coronavírus apresentar valores inferiores ao limiar de 1, o documento admite que a transmissão do SARS-COV-2 “esteja a aumentar”, tendo em conta a subida deste indicador, que está agora nos 0,85.
“O decréscimo do Rt observado no início do mês foi resultado das alterações da resposta à covid-19 implementadas no início de outubro e não traduziram uma real diminuição do risco de transmissão”, recordam a DGS e o INSA.
A linhagem BA.5 da variante Ómicron continua a ser dominante em Portugal, mas o relatório alerta que se verifica um “aumento de circulação de sublinhagens com potencial impacto epidemiológico, em linha com o que se observa nos restantes países europeus”.
Após o “acentuado decréscimo no número de testes realizados no início do mês”, verificou-se na última semana um ligeiro aumento desses despistes do vírus, que passaram de 72.133 para 74.748.
“Nas próximas semanas, à medida que houver uma estabilização na recolha dos dados usados na vigilância, será possível estimar com maior precisão o valor de cada um dos indicadores”, conclui o documento, que continua a recomendar a vacinação de reforço e as medidas de proteção individual.