Ales Bialiatski, da Bielorrússia, a organização russa Memorial e o Centro de Liberdades Civis, da Ucrânia, foram distinguidos com o Prémio Nobel da Paz 2022 “por criticarem o poder” e “denunciarem crimes contra a humanidade”, anunciou esta sexta-feira (07.10) o Comité norueguês em Oslo.
O júri disse que o Nobel da Paz este ano foi atribuído a “três destacados campeões dos direitos humanos, da democracia e da coexistência pacífica nos países vizinhos Bielorrússia, Rússia e Ucrânia.”
“Os laureados com o Prémio Nobel da Paz representam a sociedade civil nos seus países de origem. Há muitos anos que promovem o direito de criticar o poder e de proteger os direitos fundamentais dos cidadãos”, justificou o Comité.
“Têm feito um esforço notável para documentar crimes de guerra, violações dos direitos humanos e abuso de poder. Juntos demonstram o significado da sociedade civil para a paz e a democracia”, disse o chefe do Comité Nobel, Berit Reiss-Andersen.
Ales Bialiatski, de 60 anos, atualmente preso na Bielorrússia, fundou a organização Viasna (Primavera) em 1996, para ajudar presos políticos e as suas famílias, na sequência da repressão do regime do Presidente Alexander Lukashenko.
A organização russa Memorial foi criada em 1987, para investigar e registar crimes cometidos pelo regime soviético, mas tem denunciado violações de direitos humanos na Rússia.
O Centro de Liberdades Civis foi criado em Kiev, em 2007, para fazer avançar os direitos humanos e a democracia na Ucrânia.
O político da oposição bielorrussa Pavel Latushko disse que o prémio era uma honra para todos os presos políticos na Bielorrússia.
“Motiva-nos a todos a lutar”. Estamos certos de que venceremos contra Lukashenko”, disse o político, referindo-se ao Presidente bielorrusso Alexander Lukashenko.
A lista de nomeações era um segredo bem guardado, mas sabia-se que dela faziam parte 343 nomes, de 251 pessoas e 92 organizações.
Antes do anúncio, especulou-se que o comité teria de reconhecer a agressão da Rússia contra a Ucrânia.
Os vencedores do ano passado foram os jornalistas Dmitry Muratov, da Rússia, e Maria Ressa, das Filipinas. Desde que receberam o prémio, têm vindo a lutar pela sobrevivência das suas organizações noticiosas, desafiando as tentativas de os silenciar por parte dos próprios governos.