Após muito tempo afastadas, quatro irmãs reencontram-se durante o enterro da mãe. Juntas, elas terão de decidir o que fazer com a herança, o que servirá de pretexto para relembrar as próprias vidas, bem como a relação familiar.
As divergências são inevitáveis, pois elas seguiram caminhos muito diferentes: Selma, a irmã mais conservadora, está casada com um militar e leva uma vida disciplinada em Darque; Regina, é divorciada, está de bem com a vida e , depois de alguns casamentos, prefere ficar solteira.
É esotérica, não costuma se reprimir e tem uma visão “alto astral” da vida; Maria Lúcia abandonou um casamento convencional e o filho para viver um grande amor no Brasil e veio especialmente para o velório e a partilha dos bens; e Laura, a caçula, revela-se uma intelectual sisuda e surpreende as irmãs ao assumir a sua homossexualidade. A divisão dos bens familiares é mero pretexto para que o texto esmiúce a intimidade de cada uma daquelas mulheres: o passado vem à tona, assim como as frustrações, os traumas, as desavenças e, claro, o afecto e a forte ligação amorosa entre as quatro irmãs.
O texto intercala humor, ironia a momentos de alguma emoção. Durante o encontro, elas discutem e brigam mas, ao mesmo tempo, relembram os bons tempos passados e descobrem muitas novidades sobre elas mesmas. Vivem intensamente suas afinidades, seus problemas e suas diferenças.
O conflito, que as diferencia e divide que abre espaço à crueldade, permite que ao final se retome a unidade familiar. A inegável acção do tempo e sua corrosão sobre as emoções humanas são a fonte de dramaticidade. O humor não é o elemento que norteia os diálogos e a acção – em primeiro lugar está a coerência de cada personagem e suas contradições.