De acordo com dados da CVRVV, em 2022, até novembro, foram exportados 1,2 milhões de litros da região do noroeste português para a Rússia, num total de 2,7 milhões de euros, o que compara com 625 mil litros e 1,3 milhões de euros em 2021, antes da guerra.
No global, as exportações até novembro aumentaram 6% face a 2021, atingindo 30,1 milhões de litros e 76,8 milhões de euros no ano passado, ao passo que em 2021 os 30,5 milhões de litros tinham rendido 72,2 milhões de euros à região.
Em entrevista à Lusa, a presidente da CVRVV desde final de julho, Dora Simões, disse que “apesar da Comissão dos Vinhos Verdes ter cancelado as atividades promocionais no mercado da Rússia, os agentes económicos da região e respetivos parceiros comerciais terão sempre a liberdade de dar continuidade aos seus negócios”.
Sobre a exportação para a Rússia, Dora Simões disse que quando o processo “foi estancado, parado, houve de facto um momento em que os agentes económicos não tinham opção absolutamente nenhuma” em termos de envios para o país, porque “não tinham as vias de transporte, logísticas, para o fazer”, em face de vários cortes nas interações ocidentais com Moscovo.
Os dados da CVRVV confirmam que nos meses de março e abril não houve exportações de vinho verde para a Rússia, mas o ritmo de exportação retomou no restante do ano.
Segundo a responsável, a Rússia estava a ser “um mercado em franca expansão”, sendo possível que “essa expansão se tenha dado numa altura em que ainda estavam negócios a decorrer”.
Em abril, ainda no mandato de Manuel Pinheiro, a Comissão dos Vinhos Verdes anunciou o cancelamento das ações de promoção na Rússia, reorientando as exportações para outros mercados, como o mexicano.
Até novembro, a região dos vinhos verdes registou ainda uma diminuição das exportações para a Alemanha, menos 1,6 milhões de litros e 2,8 milhões de euros.
Dora Simões reconheceu que comparar 2022 com 2021 é “difícil”, por se estar a “analisar um período marcado pelos efeitos de uma guerra na Europa”.
“Assistimos, nos últimos meses, a grandes dificuldades para manter expedições, quer pela escassez de componentes quer pelas dificuldades de transporte, que aliadas à retração no consumo generalizada, inclusive na Alemanha, é natural em tempo de crise económica”, acrescentou.
A responsável disse ter a expectativa que “a situação na Alemanha recupere e que as exportações voltem a aumentar”.
Por outro lado, em 2022, até novembro, há a registar subidas significativas nos Estados Unidos, que até desceram em litros (menos 17 mil) mas aumentaram em valor 1,5 milhões de euros, e para a Grã-Bretanha, que subiram 170 mil litros e 1 milhão de euros.
Também se registaram subidas no Canadá (13 mil litros, 570 mil euros), em Espanha (375 mil litros, 893 mil euros), Essuatíni (264 mil litros, 643 mil euros) e Polónia (385 mil litros, 600 mil euros).
Em 2023, a CVRVV vai apostar em ações de promoção no Reino Unido, Polónia e Coreia do Sul, com Dora Simões a salientar que no caso britânico e no coreano a ideia é “entrar por cima, com as gamas mais elevadas, com produtos de maior valor, mais sofisticado”.
A Coreia do Sul é “um mercado de oportunidade” potencialmente similar ao japonês, onde as vendas de vinho verde “são talvez as de valor mais elevado”, sendo um mercado “muito consistente, que demora muito tempo a desenvolver”.
Já a Polónia “tem uma massa crítica boa, e é importante começar porque é um mercado jovem, com consumo de vinho”, e pessoas “abertas a conhecer” o produto.