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12 Jun 2023

Trasladação dos restos mortais de António Manuel Couto Viana no ano em que se assinalam cem anos sobre o seu nascimento

Pedro Xavier

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No âmbito das comemorações do Centenário do Nascimento de António Manuel Couto Viana, a Câmara Municipal de Viana do Castelo vai assinalar a data com a Cerimónia de trasladação dos restos mortais do Poeta e Escritor vianense, que decorrerá no dia 17 de junho, no Cemitério Municipal, pelas 17 horas. 

A cerimónia terá o seguinte alinhamento:

– Os restos mortais saem da Capela do Cemitério para o Mausoléu de Artistas e Homens de Letras de Viana do Castelo, acompanhados pela guarda de honra prestada pela Companhia Bombeiros Sapadores Viana do Castelo;

– Momento musical pelo Quinteto de Metais da Escola Profissional Artística do Alto Minho – ARTEAM (Classe do professor António Silva) interpretando a Sonata n.º 22 de PEZEL, J. (1639-1694); 

– Leitura de poemas de António Manuel Couto Viana, pelo ator Porfírio Barbosa;

– Elogio Fúnebre, pelo Prof. Doutor José Carlos Seabra Pereira;

– Intervenção de Juan Soutullo, filho do homenageado;

– Intervenção do Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Arq.  Luís Nobre;

– Assinatura do Termo de Sepultura e deposição da urna na câmara do Mausoléu.

De recordar que Viana do Castelo deu início às Comemorações do Centenário do Nascimento de António Manuel Couto Viana com a aposição de lápide comemorativa na casa onde nasceu o poeta, contista, dramaturgo, ensaísta. Foi ainda promovida, na sala na biblioteca vianense com o seu nome, uma conferência evocativa dedicada ao escritor. 

Poeta, dramaturgo, contista, ensaísta, memorialista, tradutor, encenador, ator, gastrólogo e autor de livros para crianças, António Manuel Couto Viana nasceu em Viana do Castelo a 24 de janeiro de 1923, sendo o mais novo de três irmãos, e morreu em Lisboa a 8 de junho de 2010. António Manuel Couto Viana cresceu e viveu ligado às artes e às letras. Publicou meia centena de livros de poesia e cerca de oitenta títulos de outros géneros literários, com relevo para os livros de ensaios e memórias.

Durante a infância e juventude viveu muito ligado ao Teatro Sá de Miranda, em Viana do Castelo e, aos 15 anos, escreveu uma revista à portuguesa sobre a vida escolar e a vida citadina que levou à cena neste Teatro entusiasmado pelos seus professores. Aos 23 anos mudou-se com a família para Lisboa e rapidamente se integrou no meio cultural da capital criando amizades duradouras com, entre outros, David Mourão-Ferreira e Sebastião da Gama.

Aí, desde cedo dirigiu o seu interesse para o teatro, começando por colaborar como ator, cenógrafo e encenador no Teatro Estúdio do Salitre (1948-1950). Integrou a direção do Teatro de Ensaio do Teatro Monumental (1952) e foi empresário e diretor do Teatro do Gerifalto (1956-1960), especializado em espetáculos infantis e também da Companhia Nacional de Teatro (1961-1965). Em 1966, diplomou-se em Veneza, em Teatro, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. A sua atividade artística mereceu-lhe o Prémio Nacional António Pinheiro por duas vezes e o Prémio da Crítica.

Entre as funções que exerceu, contam-se ainda as de orientador artístico da Oficina de Teatro da Universidade de Coimbra, Mestre de Arte de Cena do Teatro Nacional de São Carlos e as de colaborador da Ópera de Câmara do Real Theatro de Queluz. Encenou para o Círculo Portuense de ópera e para a Companhia Portuguesa de Ópera (Teatro da Trindade). Como ator, participou em filmes portugueses e estrangeiros e em peças para o palco e para a televisão.

A sua estreia literária verificou-se em 1948 com o livro de poemas O avestruz lírico. Com David Mourão-Ferreira e Luiz de Macedo dirigiu as folhas de poesia Távola Redonda (1950-1954), a revista de cultura Graal (1956-1957), fazendo ainda parte do conselho de redação da revista Tempo Presente (1959-1961).

Além do teatro e da poesia, António Manuel Couto Viana dedicou-se também à literatura infantojuvenil, escrevendo e traduzindo livros, e dirigindo publicações como a revista Camarada (1949-1951). De referir que uma parte significativa da sua atividade teatral, tanto como ator, encenador e autor, orientou-se para as crianças.

A obra poética de António Manuel Couto Viana figura nas principais antologias de língua portuguesa e espanhola, e poemas seus foram traduzidos para castelhano, inglês, francês, alemão, russo e chinês. A sua poesia foi já estudada por David Mourão-Ferreira, Artur Anselmo, Tomaz de Figueiredo, Eduíno de Jesus, Rodrigo Emílio, João Maia, Franco Nogueira, João Bigotte Chorão, José Carlos Seabra Pereira, Beatriz Basto da Silva, Mário Saraiva e Joaquim Manuel Magalhães. Via-se, em primeiro lugar, como poeta, mas o texto dramático, o ensaio, a gastrologia e, mais recentemente o conto, que experimentara em jovem, marcam a sua intensíssima produção literária.

Foi galardoado com o Prémio Antero de Quental (em 1949 e 1969), o Prémio Luso-Galaico Valle-Inclan (em 1960), o Prémio Nacional de Poesia (em 1965), o Prémio da Academia de Ciências (em 1971), o Prémio de Literatura da Sociedade Histórica da Independência de Portugal (em 1988), e o Prémio Camilo Pessanha (em 1992), da Fundação Oriente.

De 1986 a 1988, viveu em Macau, onde exerceu funções docentes no Instituto Cultural. Na última década, teve como residência até ao seu falecimento em junho de 2010 a Casa do Artista, em Lisboa, onde continuou a fazer parte da Comissão de Leitura para a Educação e Bolsas, da Fundação Calouste Gulbenkian.

Foi agraciado com a Banda da Cruz de Mérito, Grã-Cruz da Falange Galega e Grande Oficialato da Ordem do Infante D. Henrique. O Município de Viana do Castelo atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural e dedicou-lhe, a si e à sua família, uma sala na nova Biblioteca Municipal.

 

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