Num país em que o número de jogadores que se pediram para autoexcluir das casas de apostas online tem vindo a aumentar (215 mil, atualmente), o que é que os casinos podem (e devem) fazer para minimizar o impacto social negativo destas atividades?
Grande parte da resposta está na legislação. Contudo, como vários casinos operam fora de território nacional, é necessário que os próprios operadores de jogo façam algo a esse respeito. Mas vamos ver o quê.
Um sector em crescimento
Por todo o mundo, a indústria do iGaming tem vindo a crescer acentuadamente, e Portugal não passa incólume a esse crescimento. Desde que o jogo online foi legalizado em Portugal, em 2015, já vários operadores obtiveram uma licença para explorar a atividade no país. Atualmente, existem 17 entidades licenciadas pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos para a exploração do jogo online em Portugal, embora muitos jogadores escolham jogar em plataformas fora de jurisdição portuguesa.
E porque é que alguns jogadores preferem jogar em novos casinos online de outras jurisdições? Em parte, porque estes casinos podem oferecer jogos e promoções que não lhes são possíveis em Portugal devido à regulação.
No entanto, é importante ressalvar que, embora os casinos estrangeiros ofereçam jogos que não estão disponíveis em casinos portugueses, isso não significa que o façam porque os jogos são prejudiciais para os seus jogadores. Muitas das vezes é apenas uma questão de os jogos serem desenvolvidos mais rapidamente do que o desenrolar dos processos burocráticos que visam à legalização dos jogos.
A diferença entre legal e ilegal no jogo responsável
Os casinos ilegais são-no apenas por não estarem licenciados em Portugal. Na verdade, muitos destes casinos estão licenciados, mas noutras jurisdições. Como tal, muitos deles também estão sujeitos a legislação rígida. Por norma, quase todos os casinos licenciados em jurisdições como Malta ou Curaçau também dispõem de políticas de jogo responsável.
Embora muitas vezes os seus mecanismos de jogo responsável não sejam tão fortes como os que se encontram nos casinos portugueses legais, estes casinos permitem que os jogadores se autoexcluam e que, por vezes, também limitem as suas sessões de jogo.
Soluções de jogo responsável nos casinos portugueses
Existem certas obrigações impostas pelo SRIJ no que diz respeito ao jogo responsável. Todos os casinos portugueses têm bem claro nas suas páginas de perguntas frequentes ou de contactos ligações a linhas ou grupos de apoio, assim como questionários aos quais os jogadores podem responder para perceber se têm ou não um problema com o jogo.
Além disto, o SRIJ também disponibiliza um formulário de autoexclusão que, ao ser preenchido, automaticamente exclui o jogador inscrito de todas as plataformas licenciadas pela entidade.
Já do lado dos casinos, além do fornecimento dos contactos mais adequados a quem possa ter problemas com o jogo, também encontramos mecanismos que permitem limitar o quanto se joga. Certos mecanismos permitem controlar o tempo máximo passado a jogar por dia, enquanto outros permitem que se defina um volume de apostas máximo diário, ou até mesmo um limite de orçamento.
Como saber se tem um problema com o jogo
A maior parte dos jogadores não vai desenvolver nenhuma patologia com o jogo. Contudo, existem certas pessoas que, por motivos genéticos ou até mesmo sociais, podem estar mais predispostas a estes problemas.
Para ter uma melhor ideia sobre se sofre de um problema com o jogo ou não, pode responder, sinceramente, às seguintes questões:
- Costuma passar demasiado tempo a jogar online?
- Já alguma vez mentiu para jogar online ou mentiu sobre o tempo que passava a jogar?
- Já pediu algum empréstimo ou roubou para ter dinheiro para apostar?
- Afastou-se dos seus amigos ou dos seus familiares por causa do jogo?
Se respondeu que sim a alguma destas questões, então é possível que tenha um problema com o jogo. Nesse caso, deve procurar ajuda profissional o mais rápido possível. Jogar pode ser um passatempo bastante divertido, mas deve sempre jogar com moderação e conhecimento dos seus potenciais riscos.