Apesar de muitos guias de viagem ainda não o mencionarem, ou precisamente aí, entrar no Príncipe Real é encontrar a Lisboa que se procurava: caótica, autêntica e com o charme da decadência intacto no exterior com os apartamentos Príncipe Real, graças, entre outras coisas, ao facto de o turismo de autocarro, câmara na mão, selfie stick na mão e tablet debaixo do braço, ainda não ter entrado em cena.
A crise económica do país começa a parecer distante, ou mesmo obscenamente irreal, e as mansões e edifícios nos passeios deste bairro adotaram o ditado de que as aparências iludem, optando por preservar o seu aspeto exterior ligeiramente negligenciado e por tornar os restaurantes, lojas alternativas, galerias de arte e antiquários que agora albergam as suas instalações bonitos e dar-lhes um toque acolhedor.
Que visitar em Príncipe Real
Descontrai-se, sente-se bem e senta-se (também bem) à sombra das árvores do Jardim do Príncipe Real porque, convenhamos, se chegou lá a pé, as pernas precisam de um descanso que as faça esquecer as encostas do Bairro Alto. Negar-lhes um refresco no quiosque de bebidas desta praça não é uma opção.
Príncipe Real não precisa de mapas, apenas de tempo para passear no espaço que ocupa entre a Rua de São Bento, o Largo do Rato, o Bairro Alto e a Rua da Escola Politécnica, em torno do qual se articula a atividade de um bairro que recebeu o nome de D. Pedro V, filho primogénito de D. Maria II, rainha de Portugal no início e meados do século XIX.
Assim, com calma e com a única obrigação de entrar em qualquer sítio que nos chame a atenção, percorremos a Rua Dom Pedro V, onde as cores que saem do Lost In (número 56) são um chamariz que soa a Índia. É uma loja, mas também um restaurante e uma esplanada (e que vista).
O estabelecimento está aberto há nove anos e foi o sonho realizado da sua proprietária que, após ter viajado várias vezes a este país asiático, decidiu criar um negócio de venda de vestuário e acessórios autênticos em seda e algodão para senhora, homem e criança. O menu do seu restaurante, por sua vez, tem um sabor português com toques mediterrânicos e orientais. Claro que não faltam os petiscos.
A Amazing Store (número 77) atrai com o seu toldo verde, a sua luz quente e os seus produtos apelativos. Não pela sua originalidade, mas pela forma que lhes é dada pelos materiais de que são feitos.
Desde 2017 que esta loja vende copos, mochilas, carteiras e até bicicletas feitas de materiais reciclados ou naturais. Tem também um bar nas traseiras onde serve cerveja artesanal da Bélgica, Alemanha e Portugal, que pode ser bebida no seu encantador terraço interior: um pátio aberto com flores e trepadeiras que sobem por quatro pequenas mesas.
Mudamos de rua, mas não porque as compras continuam na Praça Príncipe Real. Aqui, no número 26, encontra-se um dos poucos sítios do bairro de que provavelmente já ouviu falar: Embaixada, uma galeria de lojas de marcas portuguesas situada no interior do palacete Ribeiro da Cunha.