Nos últimos dois anos – 2022 e 2023 – Portugal continental registou dois dos seus seis verões mais quentes desde 1931. Por volta desta altura do ano, em ambos os anos referidos, o nosso país já ia testemunhando ondas de calor, algo que este ano não se verifica e que leva muita gente a interrogar-se “onde anda o verão”.
A corrente de jato polar, encarregue de “orquestrar” a circulação atmosférica na nossa latitude, é a responsável pela situação meteorológica que temos vivido nas últimas semanas, dado que ao estar fraca permite uma grande variabilidade de estados de tempo na nossa geografia. Assim, este é um dos principais motivos pelos quais temos estado a viver episódios de temperaturas frescas nas primeiras semanas de verão climatológico.
Mantém-se a previsão de temperaturas mais quentes do que o normal em Portugal continental no verão 2024, mas haverá exceções
De acordo com a mais recente atualização do modelo de referência da Meteored, mantém-se a previsão de um verão mais quente do que o habitual, não só em Portugal continental, Açores e Madeira, mas também em quase todo o resto da Europa. No que concerne especificamente a Portugal continental e seus Arquipélagos, a probabilidade da estação estival ser mais quente do que o normal é de 70 a 100%. Porém, haverá exceções.
Segundo o mapa de previsão de anomalia de temperatura do ECMWF para o trimestre julho, agosto e setembro 2024, constata-se que os distritos de Lisboa, Setúbal, Beja e Faro, total ou parcialmente, registarão valores dentro da média nos próximos três meses, contrariando a tendência de calor intenso do resto do país e da Europa.
Esta é a previsão dos mapas da Meteored em relação à possibilidade de chuva em Portugal nos principais meses de verão
Para os principais meses de verão – julho e agosto – os mapas de anomalia de precipitação da Meteored apostam em valores de precipitação dentro da média praticamente de norte a sul de Portugal continental. Porém, algumas zonas do território poderão constituir exceções durante o mês de agosto, como é o caso das Terras de Barroso e de uma grande parte da geografia do Minho, com previsão de tempo mais seco do que o normal.
Apesar do verão ser efetivamente a estação mais seca do ano, o facto de estarem previstos valores dentro da média de precipitação significa que em julho e agosto poderá chover tudo aquilo dentro do que é normal chover nesses meses, mesmo tendo em conta que é verão, e que as quantidades deverão ser pouco volumosas quando comparadas com outras estações do ano.
O mapa de previsão de anomalia de precipitação média mensal (ºC) para julho de 2024 não deteta anomalias de norte a sul da geografia do Continente, pelo que a pluviosidade registada poderá enquadrar-se dentro dos valores da normal climatológica de referência.
Tendo em conta esta previsão de valores “normais” de chuva para o verão 2024, torna-se necessário deitar um olhar para a média de precipitação total da normal climatológica de referência dos meses de julho e agosto em Portugal continental. Se tomarmos o rio Mondego como referência, constata-se que a norte e a sul deste curso de água existem duas realidades bem distintas.
Mesmo sendo verão, há regiões no país que durante os meses mais quentes e secos do ano podem acumular até 40 mm de precipitação. Todavia, uma parte bastante significativa da geografia do Continente apresenta normalmente valores muito modestos de pluviosidade, inferiores a 10 mm.