Portugal não partia como favorito à conquista do Euro 2016, disputado em França, mas desde cedo que Fernando Santos, o então selecionador nacional, assumiu a convicção pessoal de que só iria voltar a solo português no dia a seguir à final e iria ser recebido em festa. Aquilo que para muitos parecia um delírio do engenheiro, veio a concretizar-se. Mas o caminho não foi fácil.
Num grupo em que a Seleção Nacional era favorita – Islândia, Áustria e Hungria eram as adversárias -, a equipa não foi além dos 3 pontos conquistados, fruto de três empates. O terceiro lugar no grupo deu para passar à fase a eliminar, e ainda colocou Portugal do lado teoricamente mais fácil do quadro rumo à final. Este foi, porventura, o momento em que muitos começaram a considerar o “delírio” do engenheiro um objetivo alcançável.
Vitória frente a uma grande seleção croata, com um golo de Ricardo Quaresma no final do prolongamento; vitória sobre a Polónia nas grandes penalidades (São Patrício!!!) e vitória sobre o País de Gales, por 2-0, naquele que foi o primeiro triunfo português nos 90 minutos regulamentares ao longo do torneio. Chegámos à final. O adversário era a seleção anfitriã, França.
O Stade de France, em Saint-Denis, encheu para ver história a acontecer. Os franceses, que cantavam de galo, convencidos de que a vitória estava no papo, entraram em campo com grandes nomes como Pogba, Griezmann, Evra e Payet. Este último foi um infeliz protagonista no jogo, depois da entrada violenta sobre Cristiano Ronaldo, que obrigou o capitão da Seleção Nacional a abandonar, em lágrimas, a partida.
Muitos terão atirado a toalha ao chão, outros continuaram a acreditar. A Seleção Francesa criou vários lances de perigo, mas a bola não queria entrar. Valeu a Portugal a grande exibição de Rui Patrício e o poste que, soube-se mais tarde, deu pesadelos a Gignac. Aos portugueses, no momento, permitiu sonhar.
O minuto 109′ marcou o jogo. Eder, que tinha entrado aos 79′, recebe a bola de João Moutinho, conduz o esférico enquanto disputa o lance com Koscielny com a força dos milhões de portugueses que esperavam pelo golo mais importante das suas vidas.
Rematou e a bola entrou. Eder passa de patinho feio a herói nacional.
Disputaram-se pouco mais de dez minutos de jogo depois do golo, que pareceram muitos mais. O apito final chegou e pudemos celebrar.
Cada português se deve lembrar de onde estava nesse dia, a essa hora. É um evento que fica na memória e que perdurará ao longo das nossas vidas.
Foi há 8 anos.