“É comum e compreensível que, no momento traumático do diagnóstico, a mulher pense apenas na sobrevivência e se esqueça de tudo o resto. Por esta razão, é importante que o médico converse com a sua doente, para perceber as suas necessidades e os seus sonhos. E, se a maternidade estiver entre os seus planos, o profissional de saúde deve prestar toda a informação necessária“, explica Catarina Marques, do IVI Lisboa.
“Assistimos a uma grande evolução em todas as áreas, desde a Oncologia, à Medicina da Reprodução, o que permite abrir uma janela de esperança“, afirma.
Congelar ovócitos prejudica os tratamentos?
Muitas mulheres questionam se a estimulação do ovário, para preservar a fertilidade, pode ter implicações negativas no prognóstico da doença. Catarina Marques esclarece que os dados publicados sobre o acompanhamento de doentes oncológicas que foram aconselhadas a congelar ovócitos mostram taxas de sobrevivência semelhantes às que não congelaram.
“A estimulação do ovário envolvida neste procedimento não afeta a evolução do cancro, porque os níveis de estrogénio atingidos com a medição utilizada são semelhantes aos observados num ciclo natural. A coordenação com a especialidade de Oncologia permite controlar os tempos para que este procedimento não influencie o tratamento oncológico subsequente ao qual a mulher vai passar“, revela a ginecologista.
Outra dúvida que normalmente surge nas consultas é que hipóteses de sucesso haverá quando o cancro for ultrapassado. Segundo Catarina Marques, “os resultados estarão sempre diretamente relacionados com a idade da mulher no momento da vitrificação dos ovócitos“.
Quanto mais nova for a mulher, mais hipóteses futuras terá de ser mãe com os seus próprios ovócitos. Em relação ao melhor momento para tentar engravidar após os tratamentos oncológicos, a médica explica que será aquele que vier a ser definido pelo profissional de saúde nas consultas, em função do historial clínico da mulher.