“Auto da Floripes” regressa ao Largo das Neves a 5 de agosto

O Largo das Neves, em Viana do Castelo, prepara-se para receber, no dia 5 de agosto, a partir das 17 horas, mais uma edição do multissecular Auto da Floripes. Integrada na programação das Festas da Senhora das Neves, esta manifestação de teatro popular é um tributo à padroeira local e um evento que atrai anualmente milhares de pessoas.

Com raízes que mergulham na “História de Carlos Magno e dos Doze Pares de França”, o “Auto da Floripes” é um drama de cariz guerreiro que se insere no chamado “Ciclo Carolíngio”. A peça coloca em cena o confronto entre exércitos cristãos e turcos, numa narrativa que, apesar do seu carácter evangelizador e moralizador na génese, não deixa de lado momentos de comédia e sátira.

Este teatro popular distingue-se pela sua longevidade e pela periodicidade anual contínua, sendo um dos raros sobreviventes desta forma de expressão artística em Portugal. A sua importância transcende o entretenimento, assumindo-se como património e parte integrante da identidade das comunidades de Barroselas, Mujães e Vila de Punhe, que partilham o Lugar das Neves. 

A encenação do “Auto da Floripes” é um espetáculo completo que reúne diversas formas de expressão, como a ação dramática, o texto, o canto, a dança e a mímica. No centro da trama está o conflito entre Oliveiros, cavaleiro cristão, e Ferrabrás, um gigante turco. A narrativa ganha um novo rumo com a intervenção de Floripes, irmã de Ferrabrás e princesa turca, cujo amor por um cavaleiro cristão, Gui de Borgonha, se torna o catalisador para a resolução do conflito, simbolizando a superação das diferenças através do amor e do diálogo. 

Reconhecido pela sua dimensão nacional e internacional no panorama do património cultural imaterial, o “Auto da Floripes” é mais do que uma peça de teatro. É a celebração de uma herança cultural que tem sido transmitida de geração em geração, mantendo-se viva e relevante. A representação continua a ser um momento de forte identidade comunitária, envolvendo ativamente os habitantes das freguesias do Vale do Neiva na sua preparação e execução.