O dispositivo de combate a incêndios rurais na região do Minho foi reforçado com a chegada de um segundo helicóptero bombardeiro pesado Kamov. A aeronave, modelo UR CBK, ficará baseada no Centro de Meios Aéreos de Braga e está pronta para atuar em toda a região, incluindo áreas sensíveis como o Parque Nacional da Peneda-Gerês.
Este helicóptero tem capacidade para transportar 4.000 litros de água e, para além do Minho, poderá operar nos distritos de Vila Real, Porto e Aveiro. A sua chegada representa uma mais-valia para o combate aos fogos, atuando preferencialmente em cenários de ataque planeado a incêndios de maiores dimensões.
O investimento recente de 400 mil euros por parte do Município de Braga foi fundamental para capacitar o aeródromo municipal a receber este tipo de aeronave. No entanto, fontes do setor apontam que ainda é sentida a falta de um helicóptero bombardeiro ligeiro, considerado ideal para o ataque inicial a focos de incêndio e para o transporte de equipas de intervenção rápida.
A chegada do Kamov acontece numa altura em que o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) tem sido progressivamente reforçado a nível nacional. Desde o início de junho, o dispositivo entrou no ‘nível Charlie’, com um aumento significativo do número de operacionais, equipas e viaturas no terreno. Para a fase mais crítica do verão, entre 1 de julho e 30 de setembro, está previsto um novo reforço, com a mobilização de um contingente ainda maior.
Apesar dos reforços, o dispositivo aéreo tem enfrentado alguns desafios. Recentemente, o Secretário de Estado da Proteção Civil admitiu dificuldades relacionadas com concursos que ficaram desertos, o que impossibilitou a disponibilidade de todos os meios aéreos previstos no DECIR 2025. A situação levou mesmo à deslocação de um meio aéreo de Arcos de Valdevez para Portalegre, gerando preocupação na Comunidade Intermunicipal do Alto Minho.
O Governo, através do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), tem investido na aquisição de novas aeronaves para a frota do Estado, com o objetivo de modernizar e reforçar a capacidade de resposta aos incêndios rurais. Contudo, a indisponibilidade de alguns helicópteros em zonas consideradas críticas tem gerado críticas por parte da oposição, que exige esclarecimentos sobre a gestão dos contratos de meios aéreos.
Em 2024, a região do Cávado registou 237 incêndios rurais, que resultaram numa área ardida de 917 hectares. O dispositivo de combate a incêndios na sub-região contará com 260 operacionais e 58 meios terrestres, para além do apoio aéreo.