Apostadores portugueses: Quem são os 1,23 milhões que movimentam o mercado online?

O mercado de apostas online em Portugal atingiu um novo recorde em 2025, com 1,23 milhões de jogadores ativos e mais de 4,7 milhões de contas registadas. Este crescimento, cifrado em 12% face ao ano anterior, reflete uma transformação progressiva no comportamento dos consumidores portugueses no setor dos jogos e apostas online. Mais do que números, este fenómeno revela um painel diverso de perfis, interesses e práticas de consumo digital. Mas quem compõe este vasto grupo, e que padrões se desenham no panorama do jogo online em Portugal?

Jovens, urbanos e estrategicamente ativos

Os dados demográficos mais recentes traçam um retrato claro: o típico apostador português é jovem, urbano e tende a apostar com regularidade moderada. A faixa etária entre os 18 e os 34 anos domina com folga o mercado, representando mais de 62% dos utilizadores ativos em 2025. Esta predominância juvenil sugere não só uma adaptação tecnológica evidente ao meio digital como também um interesse crescente pelo universo das apostas enquanto passatempo online e forma de entretenimento.

Entre os jogos mais populares, continuam a destacar-se as apostas desportivas e os jogos de casino, nomeadamente poker e roleta. Este último, em particular, tem ganho relevância entre os novos utilizadores, curiosos com as diferentes possibilidades de jogo e estratégias implicadas. Neste contexto, a compreensão da ordem das sequências de poker tornou-se uma ferramenta procurada por quem deseja maximizar as suas hipóteses de sucesso nas mesas virtuais, integrando informação com momentos de diversão.

Geograficamente, as regiões metropolitanas de Lisboa e Porto continuam a liderar em número de apostadores, seguidas de Braga e Setúbal. Embora essa concentração corresponda em grande parte à distribuição populacional, há também fatores culturais e económicos associados ao crescimento do mercado nestas zonas, onde o acesso à tecnologia e à internet é estável e amplamente disseminado.

A crescente presença feminina no mercado

Um dos sinais mais evidentes de transformação no setor reside no aumento gradual da presença feminina entre os apostadores online portugueses. Em 2022, apenas 8% dos utilizadores registados eram mulheres. Em 2025, esse número subiu para 15%, indicando uma evolução lenta mas consistente em direção a uma maior equidade de género.

Este grupo feminino, apesar de ainda minoritário, apresenta características próprias. Em média, as apostadoras mulheres optam por valores de aposta mais baixos por sessão, tendem a preferir jogos de estratégia ou de competição individual (como poker ou blackjack) e demonstram uma fidelidade acima da média às plataformas onde se registam. Ao contrário de certos padrões típicos do utilizador masculino, maioritariamente orientado para apostas desportivas, muitas apostadoras dão prioridade à dimensão lúdica e ao desafio intelectual dos jogos.

Promoções e comportamento estratégico

As ofertas promocionais, muitas vezes associadas a códigos de entrada, têm vindo a ganhar relevo como alavancas de aquisição de novos utilizadores e de reativação de clientes antigos. Códigos como o BETANOEXP tornaram-se familiares entre os internautas portugueses, sobretudo entre os mais jovens e experientes na comparação de bônus disponíveis entre plataformas concorrentes.

Estes utilizadores, por norma inseridos na faixa etária entre os 21 e os 28 anos, tendem a apostar com maior frequência, embora apontem para valores médios por sessão mais reduzidos. De forma geral, apresentam um perfil orientado para a avaliação contínua da proposta de valor de cada marca. Muitos são identificados como “caçadores de bónus”, clientes que alternam entre operadoras à procura das melhores condições promocionais, mas há também uma proporção significativa que mantém uma relação prolongada com uma plataforma específica após uma campanha de boas-vindas bem-sucedida.

Frequência de apostas e fidelização

Com uma média de 2,4 sessões de apostas por semana, o apostador português de 2025 revela um comportamento de consumo relativamente estável, tendencialmente segmentado pelo tipo de jogo escolhido. Nas apostas desportivas, os horários de maior atividade coincidem com momentos de transmissão ao vivo de jogos relevantes, sobretudo futebol. Já nas plataformas de casino, o tráfego tende a concentrar-se no final da tarde e em horário pós-laboral.

Entre os utilizadores angariados por campanhas promocionais, cerca de 43% permanece ativo passados 30 dias da ativação do primeiro código. Essa taxa de retenção diminui ao longo do tempo, ficando nos 24% após três meses, números, ainda assim, consideravelmente superiores à média de retenção tradicional do setor. Tal indica que, apesar da natureza pontual destas promoções, elas continuam a desempenhar um papel importante na criação de hábitos regulares de jogo.

Da mesma forma, cerca de dois terços dos utilizadores que recorrem a campanhas promocionais acabam por beneficiar de mais do que uma promoção nos dois meses seguintes à sua inscrição. Este dado reforça a noção de que os apostadores, mesmo os mais casuais, estão atentos às dinâmicas promocionais e demonstram uma predisposição para explorar a oferta de forma continuada.

Segmentos financeiros e impacto económico

A maioria dos apostadores online insere-se na chamada classe média portuguesa, com rendimentos mensais entre os €900 e os €1.500. Essa faixa representa 45% do total de utilizadores ativos numa amostra agregada de 2025, seguida por uma parcela com rendimentos entre €1.500 e €2.500 (30%) e um grupo mais vulnerável com rendimentos abaixo dos €900 (25%).

Em termos de gasto médio, o valor do primeiro depósito após a adesão a uma plataforma situa-se nos €42, embora os valores posteriores sejam mais baixos, com uma média estabilizada de €35 mensais. Estes montantes, embora moderados, têm um impacto acumulado significativo, sendo parte integrante do volume de negócios que tem vindo a crescer de forma consistente no setor.

Algumas operadoras começam a segmentar a comunicação e oferta promocional com base nestes perfis económicos, testando abordagens mais ajustadas ao comportamento esperado, por exemplo, limites progressivos de depósito, promoções escalonadas por frequência de utilização e programas de fidelização ajustados ao valor apostado.