O desafio lançado pela Câmara Municipal de Aveiro convidava as universidades a reinterpretar a memória das antigas fábricas de cerâmica da cidade, hoje praticamente desaparecidas, preservando apenas vestígios como fachadas e chaminés. A proposta do Politécnico de Viana do Castelo, intitulada “Acásico”, responde a este desafio com uma abordagem conceptual e artística que transforma memórias individuais e coletivas em módulos cerâmicos interligados, organizados em estrutura circular, refletindo a presença e ausência da memória industrial.
O projeto foi desenvolvido pelos estudantes Alicia Baptista, Carolina Caseiro, Filipa Mota, Mário Macedo e Rita Marques, do curso de licenciatura em Artes Plásticas e Tecnologias Artísticas, da Escola Superior de Educação do Politécnico de Viana do Castelo, e pelas alumni Cecília Esteves e Sónia Miranda, sob orientação dos docentes Hugo Marrafas e Paulo Barros, com colaboração dos docentes Hélder Dias e João Gigante. A obra combina técnicas como serigrafia, carimbo e moldagem, explorando conceitos como camadas, arquivo, registo, desgaste, identidade, ciclos, liberdade e pertença, materializando o equilíbrio entre a memória individual e coletiva.
“Acásico é uma reflexão sobre memória, tempo e espaço, em que cada participante contribui para uma narrativa coletiva. A peça celebra tanto a individualidade de cada interveniente como o trabalho em conjunto, refletindo a tradição cerâmica e a criatividade contemporânea”, destaca Hugo Marrafas, docente orientador.
O nome “Acásico” remete aos “Registros Akáshicos”, entendidos como um arquivo universal de memórias e experiências, simbolizando a construção de memórias que ultrapassam o indivíduo e habitam o coletivo. A instalação é, assim, uma celebração da memória enquanto processo dinâmico, sensível e partilhado, evocando a história da cerâmica de Aveiro.
A participação do Politécnico de Viana do Castelo nesta Bienal evidencia a capacidade da instituição em articular formação académica, criatividade e envolvimento na comunidade, respondendo a desafios concretos e oferecendo aos estudantes e aos antigos alunos experiências de aprendizagem que integram prática artística, investigação e espaço urbano. O vídeo da instalação, realizado pelo docente João Gigante, está disponível no YouTube do IPVC.
A Bienal Internacional de Cerâmica de Aveiro pode ser visitada até 18 de janeiro de 2026, permitindo ao público observar de perto a inovação artística e a materialização da memória coletiva pelos alunos e alumni do Politécnico de Viana do Castelo. A mostra “Múltiplos” inclui também trabalhos da Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho e da Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, reunindo diferentes abordagens à cerâmica artística contemporânea.