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17 Mai 2022

Pesqueiras ancestrais do rio Minho dão origem a novo produto turístico de Melgaço

Pedro Xavier

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As pesqueiras ancestrais do rio Minho, partilhado pelo Alto Minho e pela Galiza, integram um novo produto turístico de Melgaço que pretende divulgar aquelas construções em pedra, em fase de classificação como património imaterial.

O presidente da Câmara de Melgaço, adiantou que o novo produto turístico “nasce de uma aposta de uma empresa de animação de Castro Laboreiro, mas que envolve o município, a capitania de Caminha e os pescadores locais”.

“A autarquia e a capitania criam as condições necessárias para a visitação, melhorando os trilhos que dão acesso às pesqueiras. A capitania concede a autorização e dá orientações para que a visitação aconteça em segurança”, explicou Manoel Batista.

Aos pescadores, adiantou o autarca socialista, caberá a missão de transmitir a riqueza da arte de pesca, nas pesqueiras.

“Este produto turístico deixará também riqueza junto dos pescadores, ao serem compensados pela sua participação”, especificou.

Fronteira natural entre os dois países, o rio internacional concentra, nas duas margens, só no troço de 37 quilómetros, entre Monção, e Melgaço, cerca de 900 pesqueiras, “engenhosas armadilhas” da lampreia, do sável, da truta, do salmão ou da savelha.

Das 900 pesqueiras existentes no rio Minho, em Portugal estão ativas 160 e, do lado espanhol, cerca de 90.

“São um património único no Alto Minho e, no país. A sua importância incalculável levou que a Câmara de Melgaço lançasse a candidatura das pesqueiras do rio Minho ao registo nacional de património imaterial. Atualmente, o processo está a ser conduzido pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho e, a qualquer momento, aguardamos essa classificação”, sublinhou Manoel Batista.

Desde a foz, em Caminha, até Melgaço, o peixe vence mais de 60 quilómetros de rio, numa viagem de luta contra a corrente que termina, para alguns exemplares, em “autênticas fortalezas” construídas a partir das margens, “armadas” com o botirão e a cabaceira, as “artes” permitidas para a captura das diferentes espécies.

As estruturas antigas em pedra, “umas milenares e outras centenárias”, são descritas como “habilidosos sistemas de muros construídos a partir das margens, que se assumem como barreiras à passagem do peixe, que se via assim obrigado a fugir pelas pequenas aberturas através das quais, coagido pela força da corrente das águas, acabando por ser apanhado em engenhosas armadilhas”.

Manoel Batista elogiou a “visão” da Montes Laboreiro, empresa de animação turística que “opera sobretudo em Castro Laboreiro, no Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), mas que tem vindo a diversificar a sua atividade para outros pontos de interesse do município”.

“Agora, do cimo da montanha, no PNPG, desce para mostrar as pesqueiras do rio Minho que são usadas para a pesca, mas que podem também contribuir para a economia do turismo e que vêm complementar a oferta já existente no concelho”, destacou.

O novo produto turístico, designado “A Lampreia e as Pesqueiras do Rio Minho” já está disponível, apesar da safra da lampreia ter terminado no domingo.

“Os turistas terão oportunidade de conhecer o património e perceberem como funciona. No inverno, e no período de pesca da lampreia, do sável e do salmão poderão observar com os pescadores, ‘in loco’, como se faz a pesca”, adiantou.

A visita “consiste em orientar os turistas pelos trilhos de acesso às pesqueiras, exemplificando todo o processo da arte da pesca, pelos próprios pescadores, desde a construção das redes até ao seu uso nas pesqueiras, contando as histórias e curiosidades sobre a arte da pesca artesanal e das construções milenares existentes nas duas margens”.

A “ação oferecerá, assim, aos turistas uma experiência associada à gastronomia, aos produtos endógenos e à descoberta das suas origens, à autenticidade do território e ao saber fazer tradicional”.

As primeiras referências documentadas das pesqueiras datam são do século XI. Já eram utilizadas pelos romanos para a pesca daquela que é considerada uma das maiores iguarias do rio Minho, a lampreia.

Aquelas armadilhas “testemunham saberes ancestrais na escolha dos melhores sítios para a sua implementação, na sua orientação em relação às correntes do rio, no processo de trabalhar a pedra e erguer os muros, na escolha das redes mais adequadas e, ainda, no sistema de partilha comunitária do seu uso”.

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