De 29 a 31 de Dezembro, o alto do Monte de S. Silvestre, em Cardielos, concelho de Viana do Castelo, recebe milhares de romeiros que vêm procura a bênção para si, para os animais e para os campos. A Confraria de S. Silvestre serve nesses dias o afamado cabrito e, nesta festa de inverno, o bom vinho quente. À volta da Capela, deste Papa que se tornou Santo, os crentes cumprem as suas promessas. Há quem vá a S. Silvestre para oferecer cravos e alhos, agradecendo o cumprir dos milagres pedidos por intercessão do Papa Santo.
É tradição antiga, como é o levar dos animais. Outrora “os romeiros visitavam o santuário de São Silvestre, santo a quem é atribuído o poder protetor dos animais, sobretudo bovinos”. Certo é, que “antigamente havia mais gado. Os agricultores subiam o monte para recomendar os animais a São Silvestre, levando-os a dar voltas ao redor da capela e a receber a bênção. Agora há poucos animais, mas a romaria continua a chamar muita gente”, explica o juiz da Confraria Henrique Parente.
São, essencialmente, cavalos que hoje sobem o monte. Antigamente vinha gado monte acima de toda a ribeira Lima. Do lado do rio, vinham muitos devotos que faziam a travessia de barco, no barco do Porto. Quem vinha do lado de Ponte de Lima, com ou sem animais, subia pelo acesso nascente e quem viesse do lado de Viana pelo acesso poente, o único em uso hoje em dia.
Diz-se que a tradição secular a este Santo nasceu quando São Silvestre se colocou na outra margem, no alto do Castro de Roques, e desejou que onde caísse a sua vara aí fosse edificada uma Capela em sua honra. O penedo com a marca a que chamam as pegadas do Santo, situa-se em S. Silvestre, no picoto.
Faz parte da tradição o facto de São Silvestre ter presidido às obras da construção da capela, sentado no alto de um penedo gasto pela erosão a que, ainda hoje, se teima em chamar de cadeira do Santo. Na altura toda a pedra e madeira existente no templo foi carregada, monte acima, nos seus cerca de 700 metros de altitude, pelas pessoas e pelos animais.
Com o passar do tempo os espaços foram sendo melhorados e S. Silvestre ganhou uma grande procura quer nas festas, quer noutro tipo de convívios, familiares ou de amigos.
A paisagem é idílica e as condições são boas, muito graças ao trabalho das voluntárias Confrarias que vão passando pelo espaço.
A romaria assemelha-se um pouco à de S. João d’Arga, mas em pleno de inverno. Há o típico cabrito à S. Silvestre, que cativa à primeira dentada, e o bom vinho quente entre outras iguarias. Pelo recinto juntam-se as concertinas e os cantares ao desafio pela noite fora.
A Confraria, encabeçada por Henrique Parente, apostou forte na romaria deste ano, esperando que mais possam vir a S. Silvestre e engrandecer a multidão que caracteriza estas festas.
Na véspera da passagem de ano, o grupo vianense Sons do Minho promete aquecer e atrair muitas pessoas. Invariavelmente, a Eucaristia e a procissão com bênção dos animais e dos campos é outro momento procurado e muito participado, ocorre na manhã do dia 31.
Não é só S. Silvestre que é venerado no espaço, e quem for devoto de S. Tiago também pode cumprir as suas promessas. A festa deste Santo também se celebra neste monte, mas a 31 de Julho.
PROGRAMA DA SECULAR ROMARIA DE S. SILVESTRE
24 DEZEMBRO – DOMINGO
12H00 – No alto do monte de S. Silvestre, será hasteada a bandeira da festa acompanhado
pelo toque festivo dos sinos e pelo estalejar dos foguetes, dando início a secular romaria.
29 DEZEMBRO – SEXTA-FEIRA
16H00 – Início da transmissão de música gravada pela aparelhagem sonora da Casa Pereira de
Vila Verde.
21h00 – Noite de música tradicional, com músicas de cariz popular, se tens uma concertina aparece.
30 DEZEMBRO – SÁBADO
09H00 – Transmissão de música gravada.
09h15 – Entrada do Grupo de Bombos da A.C.R. Deocriste.
10h00 – Início do convívio dos amigos de S. Silvestre.
10h30 – Torneio de Malha, organizado pela Associação Cultural e Recreativa de Cardielos.
12h30 – Almoço de confraternização dos amigos e romeiros de S. Silvestre.
Durante a tarde: Na capela, cumprimento de promessas por romeiros provenientes de várias
localidades.
15h00 – Torneio de sueca, organizado pela A.C.R. de Cardielos.
21h30 – Arraial noturno com a atuação dos “SONS DO MINHO”
24H00 – Será queimada uma sessão de fogo-de-artifício.
31 DEZEMBRO – DOMINGO
08H00 – Alvorada festiva com uma salva de morteiros.
08h45 – Transmissão de música gravada.
09h00 – Entrada no recinto da festa da conceituada Banda Musical Flor da Mocidade
Junqueirense.
09h30 – Confissões
10h30 – Eucaristia Solene, solenizada pelo Grupo Coral de São Tiago de Cardielos, seguindo-se
majestosa Procissão com Bênção aos animais e campos, na varanda da casa dos Romeiros.
Durante a tarde: Concerto musical pela Banda Musical Flor da Mocidade Junqueirense e
animado convívio.
16h30 – Despedida da Banda de Musica.
18h00 – Encerramento das festividades com a queima de uma sessão de fogo.
NOTA: A partir das 18h00 do dia 29 SEXTA-FEIRA, o bar da confraria funcionará em pleno, servindo bebidas, o tradicional vinho quente, petiscos e refeições com o tradicional cabrito á moda de S. Silvestre.