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Na tarde deste domingo, a Sé Catedral de Viana do Castelo tornou-se pequena para as largas centenas de pessoas que fizeram questão de participar na cerimónia de acolhimento dos restos mortais de D. Júlio Tavares Rebimbas, primeiro bispo da diocese vianense. D. Anacleto Oliveira, atual bispo da diocese de Viana, realçou o facto de D. Júlio ter “dado à luz” a diocese que presidiu durante 5 anos, de 1978 a 1982. “Quisemos fazer-lhe a vontade, porque o manifestou de viva voz, embora não o tivesse deixado por escrito”, indicou, referindo-se ao desejo de D. Júlio em ficar sepultado em Viana. “O testemunho que me dizem, de Viana e de outras dioceses, é que era muito bom pastor, um homem do povo”, indicou.
“Manteve sempre a faceta de ser um homem do povo, até nos seus escritos se nota que era muito próximo das pessoas”, frisou D. Anacleto Oliveira. “Foi um homem que marcou a diocese, embora só cá tenha estado cinco anos. Foi-se embora com muita pena dele, disse-o e deixou-o por escrito. Disse que preferia ficar em Viana. Ele deu à luz um filho e ficou mais agarrado a ele [à diocese de Viana]”, realçou.
A vinda dos restos mortais de D. Júlio Tavares Rebimbas, da freguesia de S. Mateus de Bunheiro, concelho da Murtosa, para a Sé Catedral de Viana do Castelo, fez parte das comemorações dos 40 anos da Diocese de Viana e foi, nas palavras de D. Anacleto Oliveira, feita em modo festivo.
Na homilia da celebração da transladação dos restos mortais, o bispo D. Anacleto Oliveira indicou que «“Isto vai!”. Estas palavras eram, segundo me contaram, das que mais se ouviam do Sr. D. Júlio, nesses primeiros anos em Viana do Castelo: “Isto vai!”. Duas palavras, com sete letras apenas. Mas que, a meu ver e segundo o testemunho de quem lhas ouvia, exprimiam muito, talvez tudo o que ia na alma do Sr. D. Júlio, perante dificuldades e problemas com que diariamente se deparava. E, como facilmente podem imaginar, eram muitos. Como aliás acontece no período fundacional de qualquer instituição. Foram tempos duros, pelo empenho e trabalho, a imaginação e criatividade, a paciência e persistência que exigiam. Mas, pelas mesmas razões, foram também tempos entusiasmantes».
Na cerimónia estiveram presentes vários bispos de todo o país e até da vizinha Galiza. Entre os convidados, destaque para o autarca de Viana do Castelo, José Maria Costa, o autarca de Ponte de Lima, Victor Mendes, autarca de Vila Nova de Cerveira, Fernando Nogueira, e o autarca de Melgaço, Manoel Batista.
Júlio Tavares Rebimbas nasceu na freguesia de S. Mateus de Bunheiro, em 21 de janeiro de 1922. Foi ordenado Presbítero pelo Arcebispo-Bispo de Aveiro, D. João Evangelista de Lima Vidal, em 29 de junho de 1945, em Pardilhó. Em 1946, foi nomeado Pároco de Avelãs de Cima e Avelãs de Caminho, em Anadia. Em 21 de outubro de 1949, tornou-se Pároco de Ílhavo. Em 1959, foi nomeado Vigário Geral da Diocese de Aveiro. No mesmo ano, foi nomeado Monsenhor pelo Papa João XXIII.
Em 27 de setembro de 1965, foi eleito, por Paulo VI, Bispo do Algarve, tendo tomado parte na última sessão do Concílio Ecuménico Vaticano II. A 26 de dezembro do mesmo ano, foi ordenado Bispo, no Estádio Municipal de Ílhavo. Em fins de janeiro de 1966, tomou posse da Diocese do Algarve. Em 3 de novembro de 1977, foi escolhido pelo Santo Padre Paulo VI para primeiro Bispo da Diocese de Viana do Castelo, criada na mesma data, tomando posse no dia 8 de janeiro do ano seguinte, Solenidade da Epifania do Senhor.
Em 12 de fevereiro de 1982, foi nomeado Bispo do Porto. No dia 31 de junho de 1997, com a nomeação de D. Armindo Lopes Coelho para Bispo do Porto, foi aceite a sua resignação como Bispo do Porto. Faleceu no dia 6 de dezembro de 2010, na Casa de Saúde da Boavista.
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